Skip to content


Efeito Placebo

Breve introdução

Sempre me interessei muito pelo efeito placebo. Desde que o conheci, na graduação, assombra-me como o efeito mostra inequivocamente que nós somos indivisíveis. Não existe mente e corpo, apenas um organismo integrado.placebo1

Mas o que é efeito placebo? É o efeito benéfico, ou maléfico, à saúde de um indivíduo produzido por uma substância ou tratamento inerte (sem princípios ativos). Um exemplo: sabe-se que pílulas de açúcar, sem qualquer princípio ativo, podem abrandar uma grande quantidade de doenças.

A internet tem excelentes trabalhos sobre o assunto. Neste link, um ótimo e recente texto sobre placebo. O wiki sobre o efeito. Outro interessante texto neste link. Por fim, no dicionário cético, mais uma contribuição valiosa. Esses textos fornecem a base do que será escrito aqui. Recomendo fortemente a leitura de todos esses trabalhos.

.

Uma aplicação do Placebo

O placebo é utilizado no estudo da eficácia de tratamentos medicamentosos, psicoterápicos ou de terapias alternativas. Os estudos são bastante simples. Divide-se pacientes com os mesmos problemas em dois grupos. Para um dos grupos, aplica-se tratamento verdadeiro. Para outro, aplica-se tratamento sem princípio ativo, ou seja, placebo.

placeboO tratamento verdadeiro é considerado válido apenas se os seus resultados forem superiores aos do placebo. Caso contrário, o tratamento é descartado. Esse tipo de estudo tem o objetivo de evitar que cheguem ao mercado medicamentos ou terapias sem eficácia comprovada cientificamente. É um meio de proteger o público de drogas ineficazes ou de terapeutas charlatães.

Psicoterapias também são comparadas com tratamento placebo. Graças a essas pesquisas, a Psicologia vem ganhando espaço na área da saúde. Apesar de algumas formas de psicoterapia não serem superiores a tratamentos placebos, os efeitos positivos das terapias comportamental e cognitivo-comportamental estão documentadas e passam a ser recomendadas por médicos psiquiatras e de outras especialidades.

.

A Psicologia do Efeito Placebo

A teoria mais divulgada sobre o efeito placebo afirma que a crença na funcionalidade do tratamento placebo é a chave para compreender o fenômeno. A teoria tem suporte no fato de que a consciência de que se está tomando um medicamento inerte diminui drasticamente os benefícios do tratamento com placebo.

placebo3Essa teoria é utilizada por alguns pesquisadores para mostrar que as terapias alternativas exercem efeito placebo, e não efeito ocasionado por seus supostos princípios ativos declarados. De fato, as pesquisas mostram que a homeopatia, a cromoterapia, etc, não possuem eficácia maior do que a de pílulas de açúcar. Isso significa que tais formas de tratamento dependem da crença dos seus pacientes e não da qualidade dos seus procedimentos.

Na esteira da teoria anterior, há autores que alegam ser o processo de tratamento o responsável pelo efeito placebo. Para esses autores, são a visita ao médico ou psicólogo, a conversa com esses agentes e a atenção dispensada por eles os princípios do efeito placebo. Em suma, o tratamento humano estaria na raíz da cura.

Uma terceira teoria atribui o efeito placebo ao condicionamento respondente. Esse fenõmeno foi primeiramente descrito por Pavlov e, posteriormente, sistematizado por Skinner. No condicionamento respondente, um estímulo neutro passa a ter efeitos sobre um indivíduo após ser pareado com um estímulo que já produzia esse efeito. Aplicando essa idéia ao efeito placebo, afirma-se que o tratamento falso produz alterações no organismo devido à semelhança da sua aplicação com a aplicação do tratamento real.

A teoria do condicionamento respondente ganha força com a descoberta de que o cérebro de quem toma medicamentos placebo sofre alterações praticamente idênticas às sofridas pelos cérebros de quem toma o medicamento ativo.

.

Concluindo – Ética e Efeito Placebo

Lembro-me que durante a graduação estudei um texto sobre efeito placebo em que era relatado um fenômeno extraordinário. Havia um certo problema de saúde cuja cirurgia real produzia menos efeitos positivos do que a cirurgia placebo. Os médicos, obviamente, preferiam a cirurgia falsa. Por questões éticas, explicavam a seus pacientes que havia dois tipos de cirurgia para seus problemas: uma clássica e uma experimental. Alegavam que ambas eram efetivas, mas a experimental produzia melhores resultados. Era dada, aos pacientes, a chance de escolher.placebo2

E, de fato, é necessário ser honesto com os pacientes e clientes. Ainda que o efeito placebo exista, e seja benéfico na maioria das vezes, não é justo nem ético tratar pessoas com procedimentos inertes sem que elas saibam disso. Isso, naturalmente, leva a um paradoxo: se a consciência do tratamento falso elimina seus efeitos positivos, por que avisar os pacientes sobre ele? A resposta é simples: a ética deve prevalescer.

Aos psicólogos, cabe seguir as orientações do CFP (Conselho Federal de Psicologia) e não utilizar nem recomendar terapias alternativas, cujo efeito positivo não supera o placebo. Estão entre elas: homeopatia, cromoterapia, aromaterapia, florais de Bach, cirurgias espirituais de qualquer tipo, entre outras.

Ao CFP, cabe avaliar a infinidade de psicoterapias existentes no Brasil e manter como válidas apenas as que produzem resultados superiores ao placebo.

Robson Brino Faggiani

Posted in Educativos. Tagged with , , .

0 Responses

Stay in touch with the conversation, subscribe to the RSS feed for comments on this post.

Some HTML is OK

(required)

(required, but never shared)

or, reply to this post via trackback.