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Conceitos Básicos de AC – Parte 1 – Behaviorismo.

O Behaviorismo teve sua origem em 1913, com a publicação do artigo “A psicologia como um behaviorista a vê”, de autoria de Watson; artigo este em que Watson criticava, dentre outras coisas, o uso da introspecção como método investigativo da Psicologia. De acordo com Watson, este método não era confiável porque estava muito sujeito aos caprichos do observador. Dois observadores diferentes podiam chegar a duas conclusões diferentes, mesmo observando a mesma coisa.

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Ao publicar este artigo, Watson propõe uma mudança radical na Psicologia, tanto em seu objeto de estudo quanto em seu método de estudá-lo. O objeto deixaria de ser a consciência ou a mente, e passaria a ser o comportamento por si mesmo. A introspecção deixaria de ser usada e daria seu lugar a experimentação e observação direta. Deste modo, a psicologia se tornaria uma ciência natural capaz de explicar toda a atividade humana de maneira científica. Quem quiser conhecer melhor o pensamento de Watson, clique aqui.

Posteriormente, na década de 30, nascia o Behaviorismo Radical, foco de nossa discussão. O Behaviorismo Radical traz questões como “é possível uma ciência do comportamento?”, “ela poderia tratar todos os aspectos da natureza humana?”, “como deveria ser esta ciência?”. Skinner, assim como Watson, acreditava que é possível sim uma ciência do comportamento que trate de todos os aspectos da natureza humana; no entanto, ao contrário de Watson que preocupava-se mais com a criação dos métodos que esta ciência deveria empregar para investigar estes aspectos, Skinner preocupou-se mais com a criação de termos e conceitos capazes de explicá-los de maneira clara e precisa.

B.F. Skinner

O Behaviorismo de Skinner aproximou-se muito do pragmatismo de James e Peirce, corrente de pensamento que preconizava a idéia de que algo é mais ou menos verdadeiro à medida em que nos permite explicar de maneira mais eficaz o que é observado. Ao aproximar-se do pragmatismo, Skinner afasta-se do positivismo lógico, escola filosófica que teve sua origem no Círculo de Viena e preconizava que a verdade deve ser atingida por consenso entre observadores. Isto abria um leque bem maior de possibilidades para o Behaviorismo; inclusive de criar condições de estudar eventos privados, coisa que o Behaviorismo de Watson não admitia sob a justificativa de naquele momento não existir ainda tecnologia adequada.

Na verdade, o Behaviorismo de Skinner não se encaixa completamente em nenhuma escola filosófica de seu tempo, mas possui aproximações com várias delas. Além do Pragmatismo, Skinner aproxima-se também do Darwinismo e seu modelo selecionista. Para Darwin, as espécies são selecionadas naturalmente à medida em que adquirem características que lhes permitam interagir de maneira mais eficaz com o ambiente que está em constante mudança. Com o conceito de Comportamento Operante, fortemente influenciado pelos estudos de Thorndike  e a lei do efeito, Skinner diz que um processo semelhante acontece na aprendizagem de nossos comportamentos; onde, sabendo que comportamento é interação constante entre o organismo e o ambiente, seriam selecionados aqueles comportamentos que produzissem alterações no ambiente – que posteriormente foram nomeadas como “reforço”, por Skinner -, de modo a aumentar sua freqüência; enquanto aqueles que não produzissem este mesmo tipo de conseqüências reforçadoras, diminuiriam de freqüência, entrando em extinção.

Influenciado também pelo conceito de Comportamento Respondente de Pavlov e Watson, ao criar o conceito de Comportamento Operante, Skinner exclui de vez a necessidade de qualquer tipo de explicação para o comportamento que incorporasse entidades metafísicas, ou que estivesse além dos elementos naturais. Skinner, deste modo, constituia-se um monista materialista. Ele defende que o comportamento deve ser explicado através da observação e descrição das relações entre eventos naturais, como o organismo e o ambiente. Ambiente para Skinner é um conceito que vai além do tradicional. Ele define ambiente como tudo aquilo o que é externo a uma ação. Deste modo, o próprio organismo pode ser parte do ambiente.

O conceito de Comportamento também vai além do tradicional. Ele define comportamento como a interação do organismo com o ambiente, e chama de “resposta” a ação ou ato emitido pelo organismo, seja este ato público, isto é, observável por mais de uma pessoa, ou privado, só acessível a quem o emite. Exemplos de respostas privadas são o pensamento, a emoção e o sentimento. Outras pessoas podem no máximo inferir o que alguém pensa ou sente a partir de algum ato (resposta) – acompanhamento – público, mas jamais pode saber exatamente. Estes eventos privados podem ser estudados através de relatos feitos por quem os emite. Estes relatos, do mesmo modo que outros comportamentos, também são aprendidos de acordo com a comunidade em que a pessoa cresce.

Skinner não atribui somente ao ambiente a construção de nosso repertório comportamental. Conforme será explicado a seguir, o ser humano já nasce com um repertório básico, mínimo para a sua sobrevivência, chamado de “reflexo inato”. Este repertório foi selecionado num primeiro nível de seleção, chamado filogenético, e é constituído de respostas como fechar o olho diante da aproximação súbita de um objeto, o sugar do bebê ao entrar em contato com o seio materno, o coração disparar diante de um susto, etc. Estes comportamentos não são aprendidos durante a vida da pessoa, ela já nasce com eles. À medida que o organismo vai vivendo, as relações que ele estabelece com o ambiente vão modificando o seu comportamento, o que pode acontecer através de pareamento, como no caso do condicionamento respondente, ou condicionamento operante, conforme será explicado adiante. A este nível de aprendizagem, Skinner chamou de Ontogenético. Como o organismo vive inserido em uma comunidade de falantes, que selecionam determinados comportamentos, dizemos que ele vive inserido em uma cultura, terceiro nível de aprendizagem, chamado por Skinner de Ontogenético-Cultural. Nas próximas postagens desta série de conceitos básicos de Análise do Comportamento, estes níveis de seleção serão melhor explicados. Acompanhe, vai ser legal.

Esequias Caetano de Almeida Neto.

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Terapia Comportamental – Relação Terapêutica

O que é relação terapêutica?
psicoterapiaSão as interações que ocorrem entre terapeuta e cliente durante o processo terapêutico. Tais interações podem ser positivas, negativas ou sem nenhuma carga emocional. Algumas modalidades de terapia, como a psicanálise clássica, defendem que o profissional deve evitar qualquer tipo de proximidade com o cliente. Outras abordagens, como o humanismo (especialmente com Rogers) e a terapia comportamental (mais explicitamente a partir da década de 80), argumentam que um terapeuta paciente e atencioso podem beneficiar o cliente.

Em 1953, Skinner já falava sobre a importância da boa relação terapeuta-cliente. No livro “Ciência e Comportamento Humano”, o autor defende que o terapeuta deve ser não-punitivo, no sentido de aceitar as peculiaridades (positivas e negativas) das pessoas que o procuram pedindo ajuda. O raciocínio do autor era bastante claro e simples: aqueles que buscam terapia, que estão sofrendo, provavelmente o fazem porque são punidos de algum modo; a aceitação incondicional do terapeuta mostra ao cliente que ele pode ser quem ele é e falar qualquer coisa que precisar. A liberdade proporcionada pela terapia, em teoria, ajudaria na resolução dos problemas apresentados.

A boa relação terapêutica
As pesquisas têm demonstrado que a reflexão de Skinner estava certa. A qualidade da relação terapêutica tem, sim, efeitos sobre o sucesso da terapia. Com base em dados científicos, é possível realizar uma listagem das características do terapeuta que foram mais eficazes em ajudar os clientes: postura empática e compreensiva, aceitação desprovida de julgamentos, autenticidade, auto-confiança, flexibilidade, comprometimento, tolerância e interesse. Com relação a comportamentos terapêuticos específicos, os mais funcionais são: altas taxas de comportamentos gestuais, manutenção do contato visual, verbalizações acerca de pensamentos e sentimentos, postura não-diretiva e orientações ocasionais.

Os dados relatados acima (retirado de Meyer e Vermes, 2001) podem ser tomados como um resumo das posturas terapêuticas consideradas positivas pelos clientes. Percebe-se um padrão bem claro: os clientes preferem terapeutas que os aceitam, compreendem e mostram verdadeiro interesse em ajudar. Por que isso, e como isso funciona na terapia?

Como funciona a relação terapêutica na prática
Apesar da listagem de características do terapeuta que produzem bons resultados na terapia, é necessário considerar que determinados clientes podem ter peculiaridades que necessitam de modos particulares de intervenção. Sendo assim, ao invés de discutir a lista apresentada acima, é mais válido considerar a função da relação terapêutica sem especificar um modelo.

A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) vai nesse sentido. No livro que a apresenta (veja mais aqui), argumenta-se que a boa relação terapêutica é aquela capaz de simular, na terapia, os problemas do cotidiano do cliente, o que permite lidar com eles em um contexto mais afetivo e reforçador. Em outras palavras, o terapeuta deve ser sensível o suficiente para identificar o tipo de relação terapêutica necessitada pelo cliente. É essa sensibilidade e a relação humana de aceitação e interesse que tem função terapêutica.

Outra forma de pensar a relação terapêutica é a considerando positiva quando há semelhança entre os objetivos do terapeuta e do cliente para a terapia. Se ambos dividem metas, significa que haverá colaboração mútua, ampliando a possibilidade de o tratamento ser bem sucedido. Essa definição de boa relação terapêutica deixa implícito algo bastante interessante: a importância da participação do cliente na terapia (vejam este texto). O profissional deixa de ser pensado como alguém com conhecimento superior que ajudará alguém com problemas. Ambos passam a ser iguais em uma relação, sendo que um deles tem o objetivo de facilitar as descobertas do outro.

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Isso encerra a série sobre Terapia Comportamental. No entanto, mais textos sobre a Terapia devem ser publicados em breve

Robson Faggiani

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I Simpósio de Neurociência – Mal de Alzheimer: Conhecer e Cuidar

A Liga de Neuropsicofarmacologia do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM, constituída por discentes e docentes da área das Ciências Saúde, promoverá entre os dias 10, 11 e 12 de setembro o I Simpósio de Neurociência, cuja temática principal versará sobre o Mal de Alzheimer em uma visão pluri e multidisciplinar. As inúmeras preleções que constituem o evento têm como intuito discutir os processos anatómo-fisiológicos da referida afecção, difundir a importância da integração de equipes multiprofissionais e favorecer a inserção da comunidade, traçando estratégias e subsídios aos profissionais da área da saúde no tocante a orientação e assistência à rede familiar do paciente.

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Alunos, professores e pesquisadores que tenham interesse em apresentar seus trabalhos correlacionados à temática da neurociência poderão fazê-lo no formato de “pôster”, por meio de um resumo do trabalho. As propostas serão selecionadas por uma comissão científica. O pagamento da taxa de inscrição deverá ser feito no Laboratório de Anatomia Humana do UNIPAM, a partir do dia 20 de julho de 2009, conforme valores e prazos já disponíveis para consulta.

Os resumos de pôsteres deverão conter os seguintes itens:
1) Nome completo dos autores, com e-mail e instituição de origem
2) Resumo entre 250 à 350 palavras
3) Bibliografia segundo as normas da ABNT

As inscrições para o I Simpósio de Neurociência: Mal de Alzheimer: Conhecer e Cuidar poderão ser feitas, conforme as especificações abaixo:

Forma de inscrição:
Estudante de graduação e de Pós-graduação
Até 01/09/2009 – R$ 25,00

Demais Profissionais e Professores
Até 01/09/2009 – R$ 35,00

Maiores informações

UNIPAM – Centro Universitário de Patos de Minas
Rua Major Gote, 808 – Caiçaras
308702-054 – Patos de Minas, MG.

http://www.sinec.unipam.edu.br

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V JAC Salvador

jacsalvador

A Jornada de Análise de Comportamento de Salvador é um evento organizado por Analistas do Comportamento com o intuito de difundir cada vez mais a filosofia do Behaviorismo Radical e a sua aplicação (Análise do Comportamento) entre os alunos e profissionais de Psicologia de Salvador e demais cidades da Bahia.
Programação Parcial :
Local: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (Campus-Cabula)
Dias: 15, 16 e 17 de Outubro de 2009

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20 de julho – dia do amigo!

amizade

Hoje é dia do amigo. Logo cedo recebi um scrap no Orkut em comemoração a este dia. Logo que recebi o scrap, o respondi com as mesmas felicitações e comecei a parabenizar algumas pessoas que estavam online no meu MSN. Aí, agora a pouco, estava pensando: por que recebi aquele scrap? Por que respondi? Por que parabenizei as pessoas no MSN? Por que criaram esta data?

Quando tentei responder a estas perguntas comecei a pensar em algumas variáveis que podem estar relacionadas àquilo que chamamos de amizade. Gostaria de compartilhar meu raciocínio com os leitores. Entendo que primeiramente há variáveis que favorecem a amizade, há ainda outras que a bloqueia e que há diferenças sutis entre um amigo e uma outra pessoa que a gente acha legal.

Primeiramente, o que favoreceria uma amizade? Vamos lá. O dicionário Michaelis online define amizade como “sf (lat amicitate) 1 Sentimento de amigo; afeto que liga as pessoas. 2 Reciprocidade de afeto. 3 Benevolência. 4 Amor. Antôn: inimizade, ódio, oposição. A. colorida, gír: relação íntima e amorosa, sem compromisso social. Cf amizade-colorida”. Esta definição imediatamente lança luz sobre uma questão importante sobre a amizade: ela envolve sentimentos característicos do reforçamento positivo.

O estudo dos sentimentos na análise do comportamento se dá pela observação de quais tipos de estímulos eliciam quais respostas emocionais. É o campo do estudo do comportamento respondente. Sabe-se que aqueles sentimentos que chamamos de alegria, felicidade e prazer (ou elação) são evocados pela apresentação de estímulos reforçadores após a emissão de alguma resposta. Diz-se, de forma mais tradicional, que tais sentimentos são produtos de uma contingência de reforço. Observe o esquema:

Antecedente

∙

Resposta

→

Conseqüência

Alegria, felicidade, prazer.

Alguns sentimentos são produtos de contingencias mais complexas, como o afeto e o amor. Estes estão ligados a uma predisposição constante em mediar os reforçadores para outra pessoa, isto é, diz-se que uma pessoa ama outra quando esta media os reforçadores para aquela em uma alta freqüência. À despeito da freqüência, a mediação de reforçadores por outra pessoa é o que define todo comportamento social.

A predisposição em mediar os reforçadores pode ter sua origem tanto na própria relação com a pessoa amada quanto pode derivar de outros processos de aprendizagem, como a experiência com outras pessoas que compartilham alguma semelhança ou o seguimento de regras do tipo “ame ao teu próximo como a ti mesmo”. Esta história inclui múltiplas ocasiões em que a pessoa que hoje é vista como uma amiga mediou reforçadores para aquele que a vê desta forma. Isto quer dizer que, se eu tenho você como um amigo, no nosso passado juntos você provavelmente elogiou algumas características minhas, me fez convites para programas agradáveis, me acompanhou em algumas tarefas, fez algum favor imprescindível e trocou gentilezas. Em termos comportamentais, podemos descrever uma contingência de reforçamento mediado pelo outro da seguinte forma:

FALANTE

(audiência)

Pão, por favor

Pão

Obrigado

De nada

SD

∙

RV

→

SR + SD

∙

RV

→

SRV

↑

↓

↑

↓

↑

SDV

∙

R

→

SRV + SD

∙

RV

→ …

Pão, por favor

Passar o pão

Obrigado

De nada

OUVINTE

Legenda
SD: Estímulo discriminativo SDV: Est. discriminativo verbal R: Resposta
RV: Resposta verbal SR: Estímulo reforçador SRV: Estímulo reforçador verbal

A relação de contingência descrita acima é um episódio verbal em que uma pessoa, o falante, solicita um pão a outra pessoa, o ouvinte. Neste episódio, somente a presença de uma pessoa (audiência), sinaliza a oportunidade (SD) de realizar o pedido de pão (RV). O pedido é para o ouvinte uma oportunidade (SDV) para passar o pão (R). O pão é a conseqüência (SR) para a resposta do falante de pedir pão e é também a oportunidade (SD) de agradecer ao ouvinte. O agradecimento do falante é a conseqüência (SRV) produzida pelo ouvinte ao passar o pão e também é a oportunidade para este dizer (RV) “de nada”. Por fim, “de nada” é a conseqüência (SRV) produzida pelo ouvinte diante do agradecimento do falante.

O mais importante aqui é ressaltar que a pessoa amiga se tornou um estímulo capaz de (1) evocar sentimentos de amor e afeto; e (2) tornar mais provável a mediação de um reforçador. Penso que estas duas propriedades facilitam o surgimento de uma amizade.

Há ainda outra característica importante no amigo. O amigo não exerce coerção. A coerção é caracterizada por contingências de reforço negativo, punição e pela manipulação dos reforçadores em favor do manipulador. Os sentimentos derivados destas contingências são respectivamente a ansiedade, o medo e a insegurança. Estes sentimentos são incompatíveis com os sentimentos de alegria, felicidade e prazer e o agente coercitivo não consegue se estabelecer como um mediador de reforçadores. Desta forma, a coerção seria uma variável que bloquearia a amizade.

Porém há ainda uma variável mais sutil, que eu chamaria de diferença qualitativa, que define uma amizade. Afinal, não chamamos o caixa do supermercado (extremamente reforçador e minimamente coercitivo) de amigo. Reservamos este nome para aquelas pessoas que reforçam comportamentos que mais provavelmente seriam punidos. Não só temos no amigo aquele que medeia reforçadores e evita a coerção, mas o amigo é aquele que vai além. Ele ouve atentamente uma confissão inconfessável, se arrisca, acalma o seu piti, critica o seu inimigo, enfim, é seu amigo. O amigo é íntimo.

Bem, que neste dia do amigo os leitores do Psicologia e Ciência possam ser encorajados a serem mais reforçadores, menos coercitivos e a aceitarem aqueles que estão por perto por quem eles são. Quem sabe não é hora de fazer um bom amigo?

As idéias originais e os conceitos sobre os quais este post se debruça podem ser encontrados em tratados clássicos da análise do comportamento e solicitado via contato com o autor pelo e-mail rodrigonunesxavier@gmail.com.

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Introdução ao conceito de Habilidades Sociais.

socÉ um axioma bem conhecido aquele que diz que os seres humanos são animais sociais. É essencial, para nós, o estabelecimento de vínculos interpessoais, os quais poderão nos dar suporte social e emocional no decorrer da vida. Não é por menos que, quase o tempo todo em que estamos acordados, estamos também em algum tipo de interação social. Nosso sucesso pessoal e social, assim como nosso bem estar, são em grande parte determinados pelas  nossas habilidades em iniciar e manter interações sociais saudáveis; e nas consequências que estas relações geram para nós.

De acordo com Vicente Caballo (2006), muitos problemas humanos podem ser decorrência de um déficit de habilidades sociais. Elas formam um elo entre o indivíduo e as pessoas que o cercam. Se este elo está enfraquecido ou é disfuncional, podem não ser geradas consequências reforçadoras o suficiente para que o indivíduo tenha o que se chama de “vida satisfatória” ou “vida feliz”.

Diante da quantidade de transtornos psicológicos em que déficits de habilidades sociais estão envolvidos, muitas vezes, o treinamento destas mostra-se como uma saída simples e eficaz no tratamento psicoterápico. Caballo (2006) cita, por exemplo, problemas como depressão, ansiedade social, problemas conjugais, delinquência, onde o treinamento de Habilidades Sociais apresenta resultados muito promissores.

Mas o que são Habilidades Sociais?

Definições são inúmeras, mas todas giram em torno de um mesmo eixo: habilidade de expressar-se honestamente causando o mínimo de incômodo possível aos outros e a si mesmo. Caballo (2006) considera que o comportamento socialmente hábil é aquele conjunto de comportamentos emitidos por um indivíduo em um contexto interpessoal específico, expressando sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos, de modo adequado à aquela situação; respeitando os demais e, geralmente, resolvendo os problemas imediatos da situação ao mesmo tempo em que minimiza a probabilidade de problemas futuros.

Para finalizar, é importante frizar que:

1 – Habilidade social não é uma característica da pessoa, mas de seu comportamento.

2 – Não é universal, trata-se de uma característica do comportamento daquela pessoa naquela situação em específico; o que significa que o significado de uma determinada conduta poderá variar de acordo com a situação ou com a pessoa que a adota.

3 – Ao falar de habilidade social, o contexto cultural do indivíduo deve ser contemplado do mesmo modo que quaisquer outras variáveis situacionais.

4 – É um padrão de resposta aprendido e mantido pelas suas consequências, e pode ser alterado.

Sendo de extrema importância o conceito de Habilidades Sociais, organizarei em minha próxima postagem uma discussão a respeito de como é feito o treinamento, explicando os principais procedimentos e suas aplicações.

Referência e leitura indicada:


CABALLO, Vicente E. Manual de Avaliação e Treinamento das Habilidades Sociais. 1ª reimpressão. São Paulo: Santos, 2006

Esequias Caetano de Almeida Neto.

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Terapia Comportamental – Análise Funcional – intervenção

No último texto falei sobre a análise funcional do ponto de vista da avaliação psicológica. Agora vou comentar sobre como o processo de avaliação fundamenta as bases da intervenção em terapia comportamental.

Para começar, um aviso. Seria mais correto mudar o título deste texto para “Mudanças de Contingências” no lugar de “Análise Funcional – Intervenção”. Preferi manter o presente título porque as mudanças de contingências são constamente avaliadas do ponto de vista funcional.

seattle counseling

Intervindo no Comportamento

Após a análise funcional, passamos a ter hipóteses sobre como e por que ocorre o comportamento-problema do cliente. O próximo passo é realizar a intervenção. Há algumas maneiras de fazer isso:

1. Modificando o ambiente
De acordo com os princípios comportamentais, a principal fonte de controle do comportamento é o ambiente. A melhor forma de intervir em terapia comportamental, portanto, seria realizar alterações no cotidiano da pessoa que procura ajuda. Infelizmente, o terapeuta não tem acesso a tudo que acontece ao cliente.

De forma brilhante, a Psicoterapia Analítica-Funcional (FAP) sugeriu uma solução para esse problema: utilizar a semelhança funcional entre os ambientes de dentro e fora do consultório e tentar reproduzir na sessão terapêutica as situações causadoras do sofrimento do cliente. Dessa forma, o ambiente poderia ser mudado ao vivo, enquanto os comportamentos-problema do cliente ocorressem.

Ainda que a solução proposta pela FAP seja excelente e aplicável em várias situações, está longe de solucionar a dificuldade em acessar o cotidiano do cliente. Há, no entanto, outros meios de intervir no comportamento.

2. Modificando regras.
Regras são declarações verbais acerca do funcionamento do ambiente e do comportamento. Desde a infância, somos acostumados por nossos pais, professores e amigos a atentar e seguir instruções verbais. Aprendemos a descrever o mundo e o modo como agimos. Essas descrições afetam nosso comportamento. É comum, infelizmente, que muitas dessas regras sejam inadequadas e produzam comportamentos inapropriados.  Já falei sobre esse assunto neste texto.

Dada a importância das declarações verbais, o terapeuta comportamental pode, como parte de sua intervenção clínica, ajudar o cliente a analisar a pertinência de suas regras e a avaliar se é possível criar regras mais apropriadas. Aqui cabe deixar claro que o terapeuta não muda as regras do cliente: apenas ajuda o cliente a mudar suas próprias regras.

3. Autoconhecimento e autocontrole
Um objetivo fundamental do terapeuta comportamental é ajudar o cliente a compreender e controlar o próprio comportamento, possibilitando a ele pensar sobre seus problemas e encontrar a melhor forma de resolvê-los mesmo depois de terminado o trabalho terapêutico. É possível afirmar que, de modo geral, todas as perguntas do terapeuta têm, em última análise, a função de promover autoconhecimento. Algumas vezes, no entanto, algumas ações específicas são executadas, como pedidos de auto-registro, lições de casa, etc. Outra possibilidade é analisar o comportamento do cliente e mostrar como esse processo é feito, ou seja, dando modelos aos clientes sobre como fazê-lo.

Uma pessoa capaz de compreender a si mesma e a manipular o próprio comportamento, provavelmente não terá problemas que não pode resolver. A tarefa de ajudar o cliente no processo de auto-descoberta é provavelmente a tarefa mais nobre da psicoterapia.

4. Terapia fora da clínica
Alguns clientes podem se beneficiar muito de sessões terapêuticas no ‘mundo real’, especialmente aqueles com problemas de ansiedade, depressão e fobia. Um cliente tímido, por exemplo, que treina como falar com pessoas do ‘mundo real’ com a supervisão do terapeuta tem a possibilidade de apresentar uma melhora muito mais rápida do que um treino social apenas na clínica.

A terapia fora da clínica é uma ferramenta relativamente moderna de intervenção e com resultados muito promissores. Particularmente, posso dizer que os meus clientes gostaram muito das experiências no ‘mundo real’. Essa forma de intervenção é uma ótima maneira de driblar o problema da falta de acesso do terapeuta ao cotidiano do cliente.

Outra forma de fazer terapia fora da clínica é com o auxílio de acompanhantes terapêuticos. O objetivo dos acompanhantes é funcionar como uma extensão da terapia no ‘mundo real’. Assim como descrito acima, o trabalho do acompanhante produz resultados muito satisfatórios na resolução dos comportamentos-problema.

5. Participação familiar
Para terminar, é válido comentar a importância da participação da família na psicoterapia. Familiares ajudam de duas formas: além de serem a base emocional do cliente, potencializam as intervenções terapêuticas. O terapeuta hábil em facilitar trocas emocionais entre clientes e familiares tem uma importante forma de intervenção à sua disposição.

Além da familiares, outras pessoas importantes da vida do cliente podem ajudar, como namorados (as), colegas de quarto, etc. O trabalho em comunhão produz resultados espantosos.

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Independentemente da forma de intervenção utilizada, todo terapeuta comportamental é guiado pela idéia de ajudar o cliente a descobrir sobre si mesmo e a mudar seus comportamentos que causam sofrimento. Como será visto em textos posteriores, o terapeuta comportamental utiliza procedimentos de intervenção baseados em descobertas científicas e lida com cada cliente de forma única e particular. Esse cuidado com a individualidade do cliente, ao mesmo tempo em que se analisa seu contexto social, é a pedra angular da terapia comportamental.

No próximo texto da série, vou discutir sobre a Relação Terapêutica para a terapia comportamental. Até lá.

Robson Brino Faggiani

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II JAC Jundiaí – Jornada de Análise do Comportamento de Jundiaí

II JAC Jundiaí – Jornada de Análise do Comportamento de Jundiaí •

• Datas:
11 de Setembro (Sexta-Feira) e 12 de Setembro (Sábado) de 2009

• Presenças confirmadas de:
Roberto Alves Banaco, Maria Helena Leite Hunziker (Tatu), Daniel Del Rey, Priscila Maria de Lima Ribeiro, Roberta Kovac, Pedro Bordini Faleiros, Maria Martha Costa Hübner, Sonia Beatriz Meyer, Eduardo Tadeu da Silva Alencar & Ricardo Corrêa Martone.

• Site:
A programação completa, assim como o modo de inscrição, hotéis, fotos da JACC 2008, mapas e como fazer apresentações de Pôster podem ser vistos através do site: www.jacjundiai.com

• Local:
Centro Universitário Padre Anchieta
Campus Pedro C. Fornari
Av. Dr. Adoniro Ladeira, 94 – Vila Jundiainópolis
Km 55,5 da Via Anhanguera – Jundiaí/SP

• Preços:
– Estudantes Unianchieta: 1 Kg de Alimento não perecível
– Estudantes de outra Instituição: R$ 35,00
– Profissioanais: R$ 50,00

• Comissão Organizadora:
Amilcar Rodrigues Fonseca Júnior, Anderson F. Rossini, Caroline Gonçalves, Cíntia A. Matos, Djalma F. Freitas, Fernanda Croaro F., Meire Matsuura, Sidinei Rolim, Tataína Iara Moreno Pickart, Tatiane Castro & Thiago Leite.

• Contato:
Maiores informações através do e-mail: contato@jacjundiai.com

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Notícias do Dia – 25

Duas notícias:

  • Um estudo recente mostrou que crianças autistas confiam mais em pistas proprioceptivas do que exteroceptivas para aprender comportamentos motores. Leia aqui (em inglês). Isso pode ajudar a explicar porque autistas têm dificuldade em relações sociais e aversão a mudanças na rotina. A explicação neurológica para o fenômeno afirma que o cérebro de autistas têm poucas conexões neurais. Regiões distantes se comunicam ainda menos, como é o caso das áreas motoras e viso-motoras. Se o estudo estiver correto, pode ajudar no tratamento do autismo: os terapeutas poderiam programar mais atividades que incentivam o relacionamento visual com a área motora.
  • O Parque do Ibirapuera (São Paulo/SP) está com uma exposição muito bacana: Cérebro – o mundo dentro de sua cabeça. Veja a notícia aqui.  Programem-se e visitem.

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Notícias do Dia – 24

Algumas notícias interssantes:

  • Adoro pesquisas que desafiam o senso comum. Uma pesquisa recentre mostrou que pensamento positivo faz mal para quem tem baixa auto-estima. Veja aqui (em inglês). A lógica é simples: aqueles que possuem pouca auto-estima entram em conflito com pensamentos positivos porque acreditam que eles não são verdadeiros; o conflito faz lembrá-los de suas incapacidades. Quem tem alta auto-estima, por outro lado, pode pensar positivamente à vontade.
  • Nicolelis, neurocientista paulista afirma que o cérebro não fuciona em compartimentos. Leia aqui. Segundo Nicolelis, o cérebro não funciona baseado na “geografia” dos neurônios e sim nas demandas enfrentadas. A perda de uma função, como a visão, por exemplo, é amenizada com a utilização de novas áreas com novas funções (tato, por exemplo).
    • Nota minha: A notícia não mostra a importância do ambiente na modelagem das novas atividades atribuídas ao cérebro.

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