No primeiro texto dessa série, comentei sobre a importância da habilidade de se comunicar. Grande parte dessa habilidade está em ouvir o que o interlocutor tem a dizer. É ouvindo, prestando atenção ao cliente, que o psicólogo coleta os dados que servirão como base para o planejamento de sua intervenção.
A terapia é sobre o cliente: o psicólogo é um profissional contratado para lidar com as dificuldades e dúvidas de outra pessoa. Todo o processo terapêutico tem como objetivo auxiliar o cliente a encontrar as respostas que ele procura e a mudar os comportamentos que mantém ou produz sas dificuldades. A terapia, portanto, não é um lugar para o terapeuta exibir suas experiências ou conhecimentos. O cliente é o centro, e o profissional deve orbitá-lo humildemente.
Ouvir não é apenas olhar para o cliente, apenas prestar atenção. São necessárias posturas intelectuais e comportamentais adequadas. Neste texto, vou discutir essas posturas, começando pela comportamental. Em seguida, vou falar sobre empatia.
POSTURA COMPORTAMENTAL
O cliente PRECISA saber que o psicólogo está ouvindo. Acredito que a maioria das pessoas que procura um psicólogo o faz porque não tem com quem conversar abertamente, ou porque tem medo de conversar com as pessoas disponÃveis. O psicólogo, então, cumpre o papel de ser aquele que ouve com atenção.
Olhar para o cliente, expressar-se não-verbalmente em coerência com o que ele diz, balançar a cabeça para cima e para baixo, olhar nos olhos (não fixamente), manter braços descruzados, são algumas posturas não-verbais que indicam interesse. Muitos clientes podem se beneficiar grandemente apenas com essa demonstração de interesse. Pratique-as com colegas e familiares.
Falar abertamente frases como “entendo”, “imagino como foi difÃcil”, “nós vamos lidar com esse problema”, etc, são indicativos bastante fortes de que se está prestando atenção. Outros poderosos indicativos são paráfrases e resumos do que o cliente disse. Use-os à vontade, apenas cuidando para não se tornar enfadonho.
POSTURA INTELECTUAL
O que pode fazer um psicólogo que ouve e não compreende o que ouviu? Absolutamente nada. É fundamental ser capaz de interpretar, abstrair e sintetizar os elementos mais importantes do que o cliente diz. Além disso, é necessário relacionar esses elementos com o que se conhece de teoria. A integração do que o cliente descreve com o conhecimento teórico do psicólogo fornece as bases para o planejamento da intevenção.
Para ouvir, em outras palavras, é preciso entender. A melhor maneira de treinar essa habilidade é por meio de muita leitura, muita conversa e elaborar resumos dessas leituras e conversas. Esse treinamento, além de melhorar a prática profissional, soma conhecimentos ao psicólogo. Estudar, raciocinar, refletir, criticar, pensar, enfim, são habilidades fundamentais e necessitam ser exaustivamente treinadas.
EMPATIA
Outra habilidade importante no repertório do psicólogo é a empatia: colocar-se no lugar do outro. Ter empatia pelo cliente, conseguir sentir o que ele sente em algum grau, pode ter efeitos extremamente positivos na terapia. Além de aumentar o grau de entendimento do que o cliente diz, também auxilia no planejamento da intervenção.
Alguns autores dizem que a empatia tem um componente intelectual (um esforço para se colocar no lugar do outro) e um componente emocional (sentir-se como o outro). Imagino que treinar o componente emocional seja tarefa difÃcil. Por outro lado, é possÃvel imaginar-se no lugar do outro; acredito que treinar o componente intelectual da empatia automaticamente fará desenvolver o componente emocional.
—–
Neste texto comentei sobre habilidades relacionadas com a compreensão do cliente. Em seguida, vou discutir a importância do conhecimento teórico para a prática do psicólogo.
Deixe seus comentários e sugestões.
Robson Brino Faggiani
5 Responses
Stay in touch with the conversation, subscribe to the RSS feed for comments on this post.
Sabe, tenho pensado muito sobre as fronteiras existentes entre os comportamentos adquiridos naturalmente, muitas vezes de forma inconsciente e os comportamentos que aprendemos de forma deliberada, ou seja, quando queremos crescer em determinado aspecto de nossa vida e procuramos alguma receita que nos ensine como devemos nos comportar para atingir nossos objetivos. Acredito que algo se perde quando decidimos apenas seguir essas instruções. Para um psicólogo dizer genuinamente “imagino como foi difÃcil” ao seu paciente e obter os resultados esperados é necessário um processo de aprendizagem subjacente, que ultrapassa um simples “seguir o que está no texto”. Nesse ponto então que o seu texto foi muito feliz, ao falar da empatia. Penso que ela seja o processo fundamental que trará toda a postura adequada diante do cliente, apoiados numa verdadeira empatia não corremos o risco de sermos artificias e frustramos o paciente. A minha sugestão é que coloque a parte sobre empatia no começo do texto. Enfim, escrevi muito pra falar pouco. Para finalizar, parabéns pelos textos, estão muito bem organizados e instrutivos.
[WORDPRESS HASHCASH] The poster sent us ‘0 which is not a hashcash value.
Excelente!
[WORDPRESS HASHCASH] The poster sent us ‘0 which is not a hashcash value.
O texto foi legal, mas quando o autor diz que: ‘Acredito que a maioria das pessoas que procura um psicólogo o faz porque não tem com quem conversar abertamente., acredito que essa frase nao tenha muito sentido. Procurar um bom psicologo, ou fazer terapia não quer dizer que o cliente não tenha amigos ou ausencia de pessoas para escutá-lo.
Uma dica para renovar essa ideia.
😉
Bem eu estou adorando tudo… mas eu acho que as letras são pequenas demais… seria bom que vocês as aumentasse…
pra resumir tudo q foi dito nesse texto , a parte q diz sobre empatia é sem dúvida o q mais valorizei prq quando nos colocamos no lugar do outro , ou, sentimos o q o outro sente , temos como dar uma resposta satisfatoria, ou seja , sabemos a maneira de pelo menos tentar tirar a pessoa daquela situaçao .