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Breves considerações sobre psicopatologia

Desde muito cedo em sua história, a análise do comportamento se preocupou com o estudo das psicopatologias e com o desenvolvimento de tecnologias para lidar com elas. Neste post, irei considerar brevemente as contribuições dos modelos experimentais de depressão de Ferster, as interpretações baseadas em coerção de Sidman e as teorias clínicas de Kohlenberg, Tsai e Steven Hayes.

Primeiramente, Ferster formalizou um modelo experimental animal análogo à depressão. No modelo de Ferster, o que se chamou de depressão foi uma diminuição na freqüência global do responder e um aumento de respostas negativamente reforçadas em animais experimentais. As variáveis manipuladas nos experimentos de Ferster foram estimulações aversivas, como choques elétricos. A partir destes experimentos, se pôde pensar na depressão como um estado geral de inatividade ou de comportamentos de fuga e esquiva originados e mantidos por contingências aversivas. Após o trabalho de Ferster, inúmeros modelos experimentais de problemas humanos foram elaborados, como modelos para o TOC, para o desamparo aprendido, para o autocontrole, etc.

Outra contruibuição foi o trabalho de Sidman, que propôs que o papel das contingências aversivas sobre as psicopatologias ia além da depressão. No livro Coerção e suas implicações, Sidman apresenta três formas de controle coercitivo e ensaia sobre as possibilidades destes tipos de controle estarem relacionados com as psicopatologias. Os tipos de controle descritos por Sidman são a punição, o reforço negativo e a manipulação dos reforçadores. Punição é a estimulação aversiva apresentada, ou os estímulos reforçadores retirados, após a emissão de um comportamento. Reforço negativo é a remoção de um estímulo aversivo pela resposta. E manipulação de reforçadores é caracterizada pelo detrimento de reforçadores por uma pessoa até que a outra produza reforçadores específicos para a primeira. Exemplos destes processos são quando um senhor bate ou prende um escravo que o desobedeceu, chicoteie este escravo até que ele trabalhe ou tranque o armazém de alimentos até que o escravo trabalhe. Assim, Sidman analisa os mecanismos de defesa de Freud e as desordens psiquiátricas a partir de histórias de exposição à coerção.

Posto que há um consenso de que a etiologia de muitas psicopatologias estão relacionadas ao controle aversivo, terapeutas analítico-comportamentais apresentaram teorias acerca de problemas clínicos e propuseram  intervenções que tentam minimizar o sofrimento originado pelo controle aversivo. Nesta linha, Kohlenberg e Tsai apresentam um modelo que descreve como problemas clínicos podem se originar de controle aversivo ocorrido em relaciomanentos interpessoais. Segundo este modelo, o controle aversivo presente em relações interpessoais pode estabelecer repertórios problemáticos, como a manipulação do comportamento verbal e os problemas de self. Propõem então a Psicoterapia Analítica Funcional como uma estratégia para modelar comportamentos próprios de relações interpessoais que foram punidos ou não foram modelados na história dos clientes. Uma outra abordagem analítico-comportamental é baseada na Teoria dos Quadros Relacionais de Steven Hayes. Nesta teoria, relações arbitrárias entre eventos da vida e o comportamento verbal podem ser estabelecidas pelo reforço, sendo que as pessoas responder a uma verbalização de forma semelhante à perda de um ente querido, por exemplo. Isto é chamado de reponder relacional. A partir daí, Hayes propõe a Terapia da Aceitação e Compromisso como uma estratégia para diminuir o impacto do sofrimento de natureza verbal sobre os clientes. Nela, a aceitação de determinados eventos averisvos, a quebra da relação entre o comportamento verbal e o sofrimento e a modelagem de repertórios alternativos e imcompatíveis com o sofrimento de origem mais verbal são o foco do processo terapêutico.

Desta forma, podemos entender que os analistas do comportamento têm estudado a psicopatologia a partir de modelos experimentais, segundo o modelo de análise da coerção, em termos de problemas com origem nas relações interpessoais e de intimidade e de acordo com a teoria dos quadros relacionais.

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2 Responses

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  1. THAIS MAIA said

    Onde posso ler sobre a teoria dos quadros relacionais? Essa exposição(sobre quadros relacionais) não ficou muito clara para mim!
    Agradeço!
    Thais

  2. Rodrigo said

    Olá, Thays.

    Atualmente não há muitos trabalhos brasileiros que definam a RFT. Você pode procurar por cursos no Núcleo Paradigma ou estudar o livro do Steven Hayes (Relational Frame Theory). Sei que em breve haverá uma publicação do Júlio de Rose, mas ouvi dizer que vai se tratar de uma crítica – então não é o melhor caminho pra começar, pois já começa com um viés, né? Boa sorte em seus estudos!

    Abraços.

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