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Como escolher uma abordagem – parte 2 (final)

Para escolher uma abordagem, é necessário conhecer sua (1) filosofia de homem, (2) a maneira como descreve as relações dos homens com o mundo e (3) seu sistema de intervenção, críticas e pesquisas sobre seus resultados. Neste texto, discutirei brevemente cada uma dessas características. O objetivo é que, em posse de informações, os estudantes possam decidir melhor sua abordagem.

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FILOSOFIA

Vou explicar sobre filosofia de forma bem simplificada. As diferentes abordagens compreendem o humano de maneiras particulares. Enquanto a psicanálise e a análise do comportamento são deterministas, o humanismo e o existencialismo descrevem o homem com mais liberdade. Há abordagens que consideram o homem como um ser indivisível (análise do comportamento e alguns cognitivistas) e outros o separam em mente e corpo (psicanálise, humanismo). Algumas abordagens consideram o homem como um ser com uma busca, outras não estipulam qualquer natureza humana.

Antes de escolher uma abordagem, é necessário investigar qual delas tem uma visão de homem mais compatível com a maneira como você compreende o mundo. Outra opção é se deixar convencer por novas visões de homem. Abordagens mais voltadas para a ciência tendem a ser mais deterministas e não estabelecer natureza humana; abordagens mais filosóficas entendem o homem como um ser em busca de realização, mas possuem pouca ou nenhuma confirmação de seus resultados. A melhor alternativa é estudar e estudar antes de escolher.

HOMEM E MUNDO E OBJETO DE ESTUDO
Um pouco baseada na filosofia, cada abordagem tem uma teoria de como homem e mundo se relacionam. A abordagem cognitiva, por exemplo, enfatiza a importância do pensamento na construção dos comportamentos e sentimentos. A psicanálise foca processos inconscientes como os determinantes do homem. A análise do comportamento, por sua vez, enfatiza mais variáveis ambientais que estão fora e dentro do homem como causas dos comportamentos.

O aluno também deve prestar atenção ao objeto de estudo de cada abordagem. Para os analistas do comportamento, por exemplo, a Psicologia deve estudar o comportamento, compreendido como relação entre respostas externas e internas e o ambiente externo e interno. Os psicanalistas preocupam-se com a dinânica dos investimentos inconscientes. A ciência cognitiva foca pensamentos, crenças e regras. Novamente, somente estudo pode ajudar o estudante a tomar uma decisão.

SISTEMA DE INTERVENÇÃO E PESQUISAS
A filosofia e a teoria sobre a relação homem e mundo determinam o sistema de intervenção de uma abordagem. Há indicações sobre como lidar com todos os transtornos conhecidos? Existe uma literatura detalhada sobre intervenções em diferentes contextos? Existem pesquisas mostrando a efetividade das intervenções propostas? Como são feitas as críticas a cada abordagem?

A melhor maneira de responder a essas perguntas é procurar por revistas científicas (ou journals internacionais) sobre a abordagem. Livros podem ajudar, mas é nos artigos que as intervenções são, de fato, avaliadas. Na sessão de links existem indicações de sites de procura de artigos.

DICA MINHA
Pessoalmente, escolhi a minha abordagem baseado em sua estreita relação com a ciência. Conheço colegas que escolheram abordagens por elas terem sistemas teóricos FÁCEIS de serem aprendidos. Outros, por preferência estética (a abordagem falava de modo bonito). Acredito que meus colegas tomaram a decisão errada.

Psicólogos são profissionais que lidam com pessoas em dificuldades. Temos que oferecer a elas um serviço de qualidade, e não um serviço baseado em nossas preferências. Portanto, sugiro que você escolha uma abordagem analisando, prioritariamente, seus resultados e pesquisas. Lembre-se que você será um profissional e deve ser competente ao intervir.

Boa sorte.

Robson Brino Faggiani

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8 Responses

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  1. Terezinha said

    Parabéns pelos textos.

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  2. O texto é excelente, posto que elucida claramente ao estudante quais as questões mais pertinentes na adoção de uma abordagem: coerência, praticidade e engajamento.

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  3. THAIS MAIA said

    Texto excelente, muito elucidativo!

    Parabens!

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  4. Hellen said

    O texto é muito bem desenvolvido, parabéns!
    Só percebi um lado um pouco tendencioso quando você trata de sua escolha de abordagem em relação às escolhas de seus amigos.
    Sua abordagem transborda em suas palavras neste texto. Avalie isto como um elogio, já que percebe-se que encorporou de fato esta linha.

  5. Carol said

    Achei os dois textos sobre o tema bastente interessantes. Mas no final ficou uma pulguinha… De alguma forma ficou tendencioso, para a escolha focada em confirmações cientificas… Acredito sim que algumas abordagens necessitem de pesquisadores, que se dediquem e publiquem, talvez assim validando seus resultados… Mas como você disse são histórias e concepções diferentes, que valorizam diferentes caminhos de construção teórica… Parabéns!

  6. Ana Morand said

    A psicanálise separa corpo e mente?

  7. Perls said

    Texto extremamente tendencioso. Como sempre, desde o positivismo de Comte, ao qual remete a vertente comportamental, behaviorista, tomando para si o cálice sagrado da ciência moderna. Pensamento reducionista e equivocado, ainda bem que existem humanistas bem esclarecidos, e que para o seu espanto, mantém estreita relação com a ciência sim, ao contrário do que pensam os novos ratinhos de laboratório de skinner e afins…

  8. Max said

    Esta de parabéns pelo artigo. Realmente é muito difícil se posicionar em uma única abordagem, é por isso que muitos preferem se denominar psicólogos clínicos, mas, saber um pouco de tudo, não é eficaz. O bom profissional é aquele que se especializa em uma única abordagem, domina aquele conhecimento, e utiliza como ferramenta de trabalho. E quando percebe que o caso seria melhor trabalhado com outra abordagem, ENCAMINHEM.

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