Em um episódio de Os Simpsons, Maggie demonstra apego exagerado com a Marge e a familia decide contratar uma terapeuta para tornar a menina mais independente. Com o sucesso do tratamento, um efeito colateral aparece: Marge deprime. A partir desse episódio, pensei em abordar (1) a topografia do comporatmento como critério para intervenção; (2) a avaliação de efeitos colaterias e; (3) o papel da extinção na depressão.
Na terapia analÃtico-comportamenta, nem sempre a topografia de um comportamento é o melhor critério para decidir uma intervenção. E foi nesse ponto que provavelmente a terapeuta do episodio falhou. A análise funcional do comportamento permite acessar “para que um comportamento serve a pessoa”. Com os resultados dessa análise, fica mais fácil entender em que contingênias uma pessoa está operando (reforçamento positivo, reforçamento negativo, punição, etc). Como ficou claro no final do episódio, Maggie tinha muito repertório de “crianças independentes” e o seu apego com Margie estava sendo mantido pelo carinho dos abraços da mãe (r+). Uma avaliação mais precisa teria ajudado a terapeuta a perceber esses aspectos.
Quando planejamos uma intervenção, faz parte do processo de análise de caso avaliar quais os possÃveis efeitos colaterais. Um comportamento está relacionado a vários contextos da vida do cliente. Um “comportamento patológico” (como apego com a mãe na sÃndrome de ansiedade de separação) pode ser também um rico meio de acesso a reforçadores positivos. No caso da Maggie, o apego com a mãe era fonte de r+ tanto para a menina quanto para Marge. Mesmo após uma intervenção ter sido efetivada, é possivel avaliar os impactos da mudança e repensar os objetivos da terapia.
Agora vamos ao ponto: exatemente por estar em uma contingência de reforçamento positivo, que a suspensão dos abraços de Maggie colocaram os comportamentos de Marge em uma outra contingência: extinção. Enquanto abraçava, amamentava, acariciava e brincava com a filha, Marge era reforçada pelos sorrisos, abraços e saúde da Meggie. Após o tratamento, a menina faz tudo sozinha – se alimenta, brinca, resgata o pai (rs), etc. Quando não há mais SDs para se comportar (choro da crinaça, olhar de “carente”, braços abertos, etc), Margie começa a sentir aquele vazio caracterÃstico da depressão. Chora, fica cabisbaixa e psicótica (faz uma “Maggie de saco de batatas” para abraçar). Todas as tentativas de aproximação de Marge são furstradas pela visão de um comportamento independente de Maggie.
Porém, como em fim de episódio tudo acaba bem, após uma aventura heróica da garotinha ela abre os braços para a sua mãe, que larga o saco de batatas para abraçar a filha. Ponto para a relação familiar, ponto negativo para terapeutas que não fazem análise funcional.
0 Responses
Stay in touch with the conversation, subscribe to the RSS feed for comments on this post.