Skip to content


III Curso livre de introdução à Psicologia Clínica e ao comportamento humano

O curso tem por objetivo introduzir (1) o conhecimento teórico básico da análise do comportamento e a influência do ambiente na infância sobre o comportamento adulto; (2) os valores e princípios que norteiam a relação terapêutica e o estabelecimento do vínculo terapêutico; (3) as bases bio-fisiológicas do comportamento e (4) debater as queixas clínicas mais comuns (transtornos de ansiedade e depressões) sob a ótica da Medicina Oriental e da Análise do Comportamento. A partir dessas informações espera-se contribuir com o conhecimento do comportamento humano e melhorar a qualidade da relação do indivíduo, consigo e com o outro.

 

RESPONSABILIDADE: Grupo EthosKi: Psicologia e Acupuntura

COORDENAÇÃO: Profa.Dra. Maria Christinna Monteiro Stroka

CARGA HORÁRIA TOTAL: 96hs

DURAÇÃO: 6 meses

PERIODICIDADE: 24 encontros semanais, às quintas-feiras, das 19h às 22h.

Inicio – 04/março/2010

Término – 19/agosto/2010

METODOLOGIA: aulas expositivas, debates e dinâmicas

CERTIFICADO: mínimo de 75% de presença e de aproveitamento.

VAGAS: 06 (seis)*

* O curso ocorrerá com no mínimo 3 alunos.

PÚBLICO-ALVO: Especialmente organizado para psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, pedagogos e estudantes dessas áreas. O curso também poderá ser realizado por pessoas leigas nas áreas acima, que tenham interesse no entendimento e/ou conhecimento do comportamento humano, desde que estejam matriculados e freqüentando uma graduação universitária.

INSCRIÇÃO:

Por telefone: (11) 3086-4801 das 13h às 19h com Alana.

Pessoalmente: Rua Artur de Azevedo, 1217, cjs. 21 e 22, Pinheiros, São Paulo.

 

INVESTIMENTO MENSAL:

Profissionais: R$ 250,00

Estudantes: R$ 180,00

 

Formas de pagamento e desconto para profissionais:

Para pagamento até o dia 01 de cada mês: R$ 250,00.

Para pagamento até o dia 05 de cada mês: R$ 260,00.

Para pagamento até o dia 10 de cada mês: R$ 270,00.

 

Formas de pagamento e desconto para estudantes:

Para pagamento até o dia 01 de cada mês: R$ 180,00.

Para pagamento até o dia 05 de cada mês: R$ 190,00.

Para pagamento até o dia 10 de cada mês: R$ 200,00.

 

CURSOS DE EXTENSÃO

 

É possível realizar cada uma das disciplinas, separadamente, na qualidade de curso de extensão, sem necessidade de estar inscrito no curso.

 

INVESTIMENTO POR DISCIPLINA:

 

Mensalidade:    R$ 100,00 (profissionais)

                                    R$ 80,00 (estudantes)

 

DISCIPLINAS

 

Módulo 1: 04 de marco a 22 de abril

 

Conceitos Básicos da Análise do Comportamento: Entendendo como as pessoas aprendem.

Professor Responsável:

Marcelo Souza, psicólogo, Grupo Psicologia e Ciência - crp 06/76621 –

 

 

Psicologia Infantil: A influência da relação familiar na infância no comportamento das pessoas.

Professora Responsável:

Simone Barbosa, psicóloga, Grupo Ethos Ki - crp 06/80230

 

Módulo 2: 29 de abril a 24 de junho

 

Relação e Vínculo Terapêutico: Aprendendo a estabelecer as bases para uma relação com o outro, saudável e curativa.

Professora Responsável:

Esp. Maria Inês Fernandez Rodriguez, psicóloga, Grupo Ethos Ki – crp 06/70982                

 

Bio-fisiologia do Comportamento: Como o cérebro atua nos nossos comportamentos e sentimentos?

Professora Responsável:

Esp. Silvia Motta Cugnasca, psicóloga, Grupo Ethos Ki –  crp 06/77872

 

Módulo 3: 01 de julho a 19 de agosto

 

Ansiedades e Depressões: Uma análise das doenças mais comuns do novo século pela ótica do pensamento oriental (Medicina Oriental) e do pensamento ocidental (Análise do Comportamento) e quais os cuidados a serem tomados quando o problema é identificado.

Professoras Responsáveis:

Esp. Cristina Pinheiro Taguchi, psicóloga, Grupo Ethos Ki – crp 06/70904

Profa. Dra. Maria Christinna Monteiro Stroka, psicóloga, Grupo Ethos Ki – crp 06/11590

 

 

 

 

 

 

 

.

Posted in Artigos.

ABPMC contra o ato médico.

A equipe Psicologia e Ciência manifesta o apoio a luta contra o Ato Médico, publicando aqui o e-mail enviado pela ABPMC (Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental) ao grupo Yahoo COMPORT.

O projeto de lei do Ato Médico (PL nº 7.703/2006) foi aprovado na Câmara e  breve será votado no Senado. Representa um retrocesso, ao dar a 340 mil médicos a exclusividade de exercer atos privativos de 3 milhões de profissionais da saúde (biomédicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, profissionais da educação física, psicólogos, técnicos em radiologia e terapeutas ocupacionais).

Em especial, ambos os projetos de lei estabelecem que caberia aos médicos o  direito de realizar o diagnóstico das doenças (nosológico) e a prescrição terapêutica (tipo de tratamento).

Na página do senado está sendo realizada uma enquete a respeito do Ato Médico. Envio o link e vote CONTRA. A quantidade de votos a favor tem aumentado muito. Participem.

Há ainda uma página para enviar um email aos senadores de seu Estado solicitando que rejeitem o Projeto de Lei do Ato Médico.

É rápido e simples. Basta digitar seu nome  e e-mail.

Vamos lutar contra o corporativismo.  A equipe Psicologia e Ciência conta com o apoio de seus leitores.

Agradecemos.

Esequias Caetano de Almeida Neto.

Posted in Artigos.

Parabenizações ao Prof. Ms. Robson B. Faggiani

Nós temos o grande prazer de parabenizar o Psicólogo Prof. Ms.  Robson B. Faggiani, membro do corpo clínico e pedagógico da Equipe Psicologia e Ciência pela publicação do seu artigo “Emergent conditional relations in a go/no-go procedure: Figure-ground and stimulus-position compound relations” no Jornal de Analise Experimental do Comportamento – JEAB / USA.

Todos da área da Psicologia sabem que o JEAB – Journal of the Experimental Analysis of Behavior é uma das maiores referências mundiais na pesquisa científica em Psicologia Experimental e com certeza é conhecido pelo alto nível de exigência para aceitação de artigos científicos produzidos em todas as partes do mundo por grandes universidades de Psicologia.

Robson B.  Faggiani durante o seu curso de mestrado na Universidade de São Paulo – USP,  escreveu o artigo orientado pela Profa. Paula Debert ( USP ) e alguns colaboradores.

Para quem quiser conferir o trabalho na íntegra. O link é : http://seab.envmed.rochester.edu/jeab/articles/2009/jeab-92-02-0233.pdf

O grupo Psicologia e Ciência fica muito feliz em ter um profissional de alto nível em sua equipe clínica e pedagógica.

Posted in Artigos, Beh. Radical, Ciência, Educativos.

Psicologia e Ciência volta ao normal

Ola leitores.

O Site Psicologia e Ciência nos últimos 2 dias enfrentou alguns problemas técnicos. Devido ao grande número de visitas que temos recebido, o servidor teve problemas para aguentar o intenso tréfego de leitores dos nossos textos e serviços.

A Equipe Psicologia e Ciência em respeito a vocês leitores, acionou a equipe técnica que rapidamente resolveu o problema.

Mas uma coisa boa veio dessa rápida queda, pois entendemos que o site esta sendo um grande sucesso.  Temos informações que já esta sendo referência para cursos e aulas de Analise Experimental do Comportamento e Análise Aplicada do Comportamento ( AEC e AAC ) por grupos particulares e universidades de psicologia do Brasil todo.

Mais uma vez agradecemos aos leitores por ter transformado o Psicologia e Ciência em uma referência sobre psicologia comportamental na internet.

O Site tem pouco menos de 6 meses e temos uma marca de quase 70 mil visitas. Além disso, agradecemos o grande número de emails recebidos pela equipe de parabenizações e pelos comentários diretos no site.

A equipe Psicologia e Ciência agradece o carinho e aproveito para informar que muitas surpresas vão ser reveladas em 2010.

Aguardem.

Equipe Psicologia e Ciência.

Posted in Artigos.

Caso Rosangela – Round 2

Todos devem lembrar da Psicologa Evangelica Rosangela, que foi processada pelo Conselho Federal de Psicologia, por supostamente tratar homosexuais que gostariam de reverter essa condição e se tornarem heterosexuais.

A psicóloga usava as definições de sexualidade egodistonica da propria Organização Mundial de Saude ( OMS ) para justificar a sua forma de atuação.
O caso promoveu um longo debate sobre os limites da psicologia em atender nesses moldes pacientes homosexuais, pois para o Conselho Federal de Psicologia, a homosexualidade não pode ser entendida como uma doença a ser tratada e sim como uma condição humana. É preciso trabalhar os próprios preconceitos do cliente para que ele mesmo aceite sua condição de homosexual ( condição essa que supostamente seria irreversivel ).

O Conselho Federal de Psicologia baixou resolução a anos atras que impede qualquer psicologo a tratar a homosexualidade como doença e portanto, qualquer um que trate ou tente reverter um homosexual ( mesmo com a vontade e aprovação dele) esta sujeito a processo ético que pode estabelecer punições como censura publica até cassação do registro profissional.

A psicóloga Rosangela, bateu o pé contra o CFP e disse que entendia que pacientes em sofrimento e que a procuravam poderiam sim mudar e que ninguem nascia homosexual. Portanto era uma condição passivel de ser “desaprendida”.

Desde que o processo se instaurou contra ela, muitos psicologos e estudiosos se dividiram. Alguns entendem que é legitimo o trabalho de Rosangela e outros entendem que o que ela faz é uma violencia contra a “subjetividade” e contra a condição humana homosexual.

Nos ultimos dias, ela colocou nota em seu blog pessoal, dizendo que esta encerrando gradativamente suas atividades na clinica, pois esta sofrendo grande pressão politica do Conselho Federal de Psicologia e de orgãos Pró Homosexualidade. Alem disso esta sendo relatado que a própria esta sendo ameaçada de morte por militantes pró homosexualidade ( já devidamente registrados e comunicados a autoridade policial ).
O fator decisivo é que desde que o processo começou, ninguem mais a tem procurado como cliente, pois as pessoas tem medo de serem expostas. Minando financeiramente a psicologa, fica impossivel que ela continue atendendo.

O assunto é realmente muito polemico e creio que não vão chegar a um consenso, pois a psicologia não pode dizer a um cliente homosexual em sofrimento que não pode fazer nada quanto ao caso dele, pois é impedido politicamente, mas tambem não pode dizer que pode atende-lo em sua demanda de querer mudar sua condição homosexual.

Creio que o problema não esta na homosexualidade e sim nas contingências incrivelmente aversivas que os homosexuais são expostos.

Mas esse é assunto pra outro post.

Fonte : http://e-paulopes.blogspot.com/2009/11/psicologa-desiste-de-atender-quem-quer.html

Posted in Artigos.

Sobre o Ato Médico

Há alguns dias eu recebí via e-mail uns slides que discutiam Em que o ato médico vai nos afetar?. Eu gostei bastante da argumentação do autor. Abaixo reproduzo a idéia trazida pelos slides, mas com uma discussão um pouco mais voltada para a questão do campo de trabalho dos profissionais da saúde. Quem quiser ler os slides na íntegra clique aqui.

Como todas as outras leis, a lei do ato médico representa parte de um contexto; e como tal, é fruto do momento histórico, cultural e social de quem a cria. O idealizador da lei tal qual foi criada há alguns anos, é médico – o que, por sí só, já explica boa parte de sua configuração exclusivista com relação as outras profissões.

Como toda lei, nesta também cabem interpretações.

Vou discutir uma parte da lei, a que mais tem causado polêmica.

O Art. 4º da lei do ato médico diz:

São atividades privativas do médico:
I – formulação do diagnóstico nosológico e respectiva prescrição terapêutica;

Diagnóstico nosológico: definido na própria lei como determinação da doença que acomete o ser humano, aqui definida como interrupção, cessação ou distúrbio da função do corpo, sistema ou órgão, caracterizada por no mínimo 2 (dois) dos seguintes critérios:

I – agente etiológico reconhecido;
II – grupo identificável de sinais ou sintomas;
III – alterações anatômicas ou psicopatológicas.

De acordo com a lei, somente o médico passa a ter direito de identificar a doença (ou psicopatologia no caso dos psicólogos) com base em seus sintomas, conforme descrito no  CID 10 e/ou DSM-IV, e de determinar qual deve ser a terapêutica adotada. A parte grifada cabe duas interpretações:

1 – Cabe ao médico determinar para qual profissional da saúde aquele paciente deve ser encaminhado, e;

2 – Cabe ao médico prescrever qual a terapêutica a ser adotada pelo outro profissional da saúde.

Creio que a lei se refere ao primeiro caso. Embora a formação médica seja bastante generalista, ele não possui o conhecimento específico que o profissional de uma outra área X possui com relação a seu campo de trabalho. De todo modo, os outros profissionais da saúde perdem autonomia à medida em que a lei restringe ao médico o diagnóstico e, por assim dizer, a liberação para que eles atendam algum paciente.

Quem aqui trabalha, estuda ou faz estágio em locais onde são os médicos que encaminham os pacientes deve saber a quantidade de diagnósticos errados, orientações comportamentais erradas e prescrições/ combinações farmacológicas erradas dadas por médicos. Não estou dizendo, aliás, que os médicos são todos ruins e que os outros profissionais da saúde são todos bons. O que estou questionando é:  será que o médico possui o conhecimento necessário para determinar quando e talvez como todos os outros profissionais da saúde devam atuar?

Aliás, mesmo que os médicos tivessem este conhecimento, será que são tão necessários assim? Cito como exemplo a Esquizofrenia, aquela psicopatologia que acometia o personagem Tarso da novela Caminho das Índias exibida na rede globo,  na qual a pessoa delira, alucina, possui afeto desorganizado, etc.

A medicina trata esta doença especialmente com base nos neurolépticos, mas isto é necessário? Não. Várias pesquisas demonstram que não é necessária a intervenção medicamentosa na Esquizofrenia. Onde estão as pesquisas? Deixo duas para quem quiser saber um pouco mais sobre o que estou falando. Quem se interessar por ler mais, sinta-se a vontade para pesquisar as referências citadas nestes dois estudos.

Análise Aplicada e o Comportamento Diagnosticado Esquizofrênico.

Comportamento Verbal e Esquizofrenia: estratégia operante de intervenção.

Embora seja ultrapassada a idéia de que os remédios tem apenas função paliativa, é verdade que eles não promovem a independência da pessoa quando se trata de psicopatologia. Ele controla a doença, suprime os comportamentos indesejados por quem a trata ou convive com o ela; quando o que se pode fazer é ensiná-la a se comportar de formas mais adaptativas e/ou assumir o controle do próprio comportamento tornando-a assim, possivelmente independente da medicação ou terapia. Quem quiser entender melhor o que estou falando leia as duas pesquisas citadas acima.

A prescrição de drogas psicotrópicas, no entanto, é um comportamento muito reforçado pelo fato de que ela facilita o controle do comportamento alvo sem que se realize uma investigação mais cuidadosa das variáveis ambientais que o controlam, o que é mais difícil. Sidman (citado por Santos, 2007) já dizia que elas são um meio de contra-controle muito útil por profissionais incapazes de encontrar estas variáveis de controle do comportamento.

Cito a Esquizofrenia como exemplo por ser esta uma das psicopatologias mais desafiadoras da Psiquiatria moderna, mas existem diversas outras tão complexas quanto ela, mas que também não precisam de acompanhamento medicamentoso para o tratamento.

E com relação a necessidade do aval médico para os outros profissionais atenderem?

O que se espera de qualquer profissional com curso superior é que ele conheça sua área de atuação e saiba discriminar se deve ou não intervir alí e a maneira como deve intervir, sem precisar de um aval médico.

Ter de passar pela avaliação médica antes de ser atendido por qualquer outro profissional da saúde equivale a:

1) dizer que os demais profissionais da saúde não conhecem seu campo de trabalho a ponto de não saberem se alguém precisa ou não de sua assistência;

2) não conseguem identificar as alterações ocorridas em seu objeto de trabalho, e;

3) não possuem responsabilidade, ética e habilidade para discriminar se alguém precisa ou não ser encaminhado para outro profissional.

Para a população de modo geral, o ato médico significa:

1) enfrentar uma fila a mais, no caso do SUS, ou;

2) pagar uma consulta a mais, no caso dos atendimentos particulares.

Todos sabem como são grandes as filas do SUS. Tem gente que espera meses, ou até anos, para conseguir uma consulta. Imagine agora se todos os pacientes das outras 11 profissões da saúde tivessem antes que passar pelos médicos, como esta fila ia crescer? Se a fila cresce, fica mais difícil ainda conseguir marcar uma consulta.

Aqueles que não podem esperar pelas filas do SUS ou preferem pagar um atendimento particular também serão afetados.  A velha lei da oferta e da procura também vale nesta situação. Se todos os pacientes que antes procuravam diretamente a um outro profissional da saúde, a partir de agora terá de passar por uma avaliação médica anterior (afinal, só eles diagnosticam e prescrevem a terapêutica de acordo com esta lei), e os médicos podem tranquilamente aumentar o valor da consulta, já que a procura por eles vai aumentar drasticamente.

Nos planos de saúde há um tempo já funciona assim. Todo paciente tem de passar pelo médico para, só então, ser encaminhado a outros profissionais da saúde.

A lei já foi aprovada pelos deputados, agora está no senado para votação.

E você, o que acha da aprovação da lei do Ato Médico? Se você é contra, envie e-mails para os senadores que representam o seu estado. O endereço deles pode ser encontrado aqui. É o seu bolso que vai pagar pela lei do Ato Médico.

– – –
Autor: Esequias Caetano de Almeida Neto.

Posted in Artigos, Ciência, Educativos, Psicoterapia. Tagged with , , , .

Como os pais podem contribuir com a vida escolar de seu filho?

O final do ano está chegando. Com ele se intensificam a pressão por boas notas e o nível de estresse em casa; especialmente nos casos onde a criança não teve um bom rendimento no decorrer do ano letivo e está correndo risco de não passar. Muitos pais encontram-se totalmente sem saber o que fazer diante das notas baixas e possível desinteresse do filho pela escola. Alguns me procuraram via e-mail e pessoalmente, perguntado se existem algumas dicas que, de algum modo, possam contribuir para um melhor acompanhamento do filho. Não existem fórmulas: cada criança é uma criança. Existem, no entanto, alguns pontos podem contribuir para a melhor manutenção da relação pai X filho. Zoega, Souza e Marinho (2004) apresentam 14 destes pontos. Neste texto eu discuto cada dos pontos apresentados por eles, no entanto, da maneira como acho mais adequada a demanda que me vem sendo apresentada. Peço lincença aos autores (ZOEGA, SOUZA e MARINHO, 2004) para usar a idéia deles.

Seguem as dicas:

1º – Tornar explícitos os direitos e deveres do filho: desde pequenas, as crianças devem aprender que direitos e deveres andam sempre juntos. Uns não existem sem os outros.

Existem direitos que, pelo simples fato de existir, toda criança tem – como por exemplo, o amor e cuidado dos pais. Outros, no entanto, devem ser conquistados à medida em que alguns deveres são cumpridos. Caso a criança não cumpra seu dever, ela perde um direito específico (daqueles conquistados), o qual deve ter sido acertado anteriormente. Por exemplo, os pais estabelecem que a criança deve fazer a tarefa de casa e, somente após isto, ela poderá assistir TV, jogar video-game, etc. Caso a criança não cumpra o dever combinado, ela não poderá, sob nenhuma condição ter acesso a seu direito de jogar video game, ver TV, etc.

2º – Estabelecer uma rotina organizada: rotina refere-se à definição clara e precisa do horário para a realização de cada atividade.

É importante que os pais conheçam a quantidade e tipo de tarefas da criança para que possam organizar de maneira funcional a sua rotina. Estas informações devem ser coletadas com a própria criança e também com seus professores (é importante o contato frequente dos pais com os professores). Quanto maior a clareza e quantidade de dados os pais tiverem a respeito do que a criança precisa fazer, mais fácil fica para organizar a rotina dela.

Os horários para cada tipo de atividade (estudar, jogar, comer, etc) devem ser estabelecidos e seguidos de maneira clara – hora certa pra brincar, pra comer, pra estudar, etc. Os estudos devem sempre ocupar status de prioridade – os primeiros da lista, o que diminui as chances da criança estar cansada quando for estudar. É interessante que os horários sejam combinados com a criança, respeitando suas preferências.

É interessante que os pais estabeleçam e sigam uma rotina também para sí. As crianças aprendem com muito mais facilidade através da observação.

Ambas as rotinas podem ser organizadas em um cartaz para consulta sempre que necessário, o qual deve ser fixado em algum cômodo da casa.

3º – Estabelecer limites.

Existem pesquisas que mostram que maioria dos jovens infratores são oriundos de lares onde: 1) ou a disciplina é relaxada – isto é, os pais relativizam as regras, não colocam limites; ou 2) os pais são autoritários e agressivos (GOMIDE, 2006). Para viverem em sociedade, no entanto, as crianças devem aprender que existem regras a serem cumpridas – e este aprendizado começa em casa, no respeito às regras estabelecidas pelos pais. A criança deve aprender, então, que a última palavra é sempre dos pais. Os pais não podem, sob hipótese alguma, permitir que a criança assuma o controle das regras da casa.

4º – Supervisionar Atividades.

Quanto mais jovem a criança, maior a necessidade de supervisão de suas atividades. Existem pesquisas que apontam, inclusive, que o progresso na aprendizagem escolar está diretamente ligado a supervisão e organização das tarefas do lar (MATURANA, citado por ZOEGA, SOUZA E MARINHO, 2004). Os pais devem tomar cuidado, no entanto, para não fazerem a tarefa pela criança – sob pena de ensiná-la a delegar suas próprias obrigações a outros, esquivando-se delas.

Este acompanhamento consiste em verificar se a criança cumpre seus horários, se ela realmente faz o que se propôs a fazer, etc.

5º – Dosar Adequadamente a Proteção e Incentivo à Independência.

Tarefa difícil: como saber o quanto uma criança pode ser independente e o quanto os pais ainda precisam tomar as atitudes por ela e protegê-la? A independência deve ser incentivada aos poucos, à medida em que a criança mostra-se capaz. Se os pais não permitem que a criança se exponha a certos desafios, ela jamais vai aprender a lidar com eles.

6º – Prover um ambiente com recursos e instrumentos para estudar.

O ambiente adequado para estudo envolve ausência ou quantidade mínima de ruídos, distrações, arejado, iluminado e arejado. O estado físico também é relevante. Se a criança encontra-se cansada, estressada, com sono, com fome, com medo, mais dificilmente aprenderá a matéria e o gosto pelos estudos.

7º -  Estabelecer Interações Positivas.

Os castigo é uma estratégia muito usada pelos pais para que uma criança não volte a apresentar um comportamento indesejado. Existem, no entanto, dois aspectos que precisam ser mencionados: 1) fazer com que a criança deixe de se comportar de maneira adequada, não a leva, necessariamente, a aprender a comportar-se de maneira adequada; 2) castigos e punições, em geral, funcionam durante um curto período de tempo. Os pais sabem que, muitas vezes, uma criança volta a apresentar um comportamento punido em uma situação posterior (o que não sabem, é que a probabilidade dela apresentar este comportamento é maior na ausência dos pais – agentes punitivos).

Deste modo, fica claro que castigos e punições não contribuem para a aprendizagem do comportamento adequado por parte da criança (p.e.: bater nela por que ela está jogando video game ao invés de estudar não necessariamente faz com que ela faça de fato a atividade de casa, ela pode simplesmente fingir que fez para voltar a jogar). Além do mais, fazer com que a criança associe estudar com situações ou coisas desagradáveis pode, a longo prazo, fazer com que ela tenha pouco ou nenhum interesse pelos estudos.

É importante que os pais estabeleçam condições que propiciem – reforçem, no sentido de tornar  “agradável” para a criança – comportar-se da maneira adequada. Marinho (citado por ZOEGA, SOUZA E MARINHO, 2004) explica que maneiras interessantes de criar estas condições, envolvem acompanhar a criança nos estudos e apresentar recompensas imediadas ao estudar (p.e.: muito bom te ver estudando e poder te ajudar); descrever o comportamento que está sendo reforçado (p.e.: se a criança capricha em alguma coisa, dizer algo como “muito bom, parabéns pela dedicação); enfim, consequências que tornem o estudo algo agradável. Todo o bom desempenho da criança deve ser elogiado e/ou gratificado, de maneira sincera, o que aumenta as chances de que a criança aprenda a gostar daquilo.

É também necessário que os pais entendam que a princípio, não há como uma criança que não gosta de estudar começar a gostar de repente. É preciso “construir o gosto” dela pelos estudos. Ela dificilmente irá gostar naturalmente de estudar. Consequências a longo prazo, como formar-se e ganhar dinheiro, não tem tanto poder sobre um comportamento da criança como consequências imediatas, como ganhar pontos em um jogo de video-game. É mais eficaz se, diante de um elogio feito aos pais por um professor ou uma boa nota em uma prova, os pais convidarem a criança para fazer algo que ela goste e não seja costume da família, especificando por que é que ela está sendo convidada para isto (p.e.: legal, gostei de sua nota. Vamos ao cinema para comemorar?).

Quando se trata de elogio, no entanto, um cuidado deve ser tomado: não é aconselhável que se faça uma crítica ou desafio junto ao elogio. Por exemplo, “gostei de sua nota, mas vamos ver se melhora, tá?”. Isto é um elogio seguido de crítica/desafio, o que desvaloriza a nota alta da criança. Fica a sensação de que o pai nunca está satisfeito. Os pais devem procurar ressaltar sempre os aspectos positivos do comportamento da criança e, na medida do possível, não punir aspectos negativos. Por exemplo, um boletim com notas variando entre 10 e 6. É mais proveitoso que, ao invés de punirem a nota 6, os pais elogiem as notas mais altas, como o 10, ou o 9.

Quando o pai vai falar para a criança de sua evolução, é necessário muito cuidado também para não compará-la a outras crianças. A comparação deve sempre ser feita com ela própria, mostrando seus resultados anteriores e os atuais. Se por acaso o rendimento tiver caído, é melhor não comparar.

8º – demonstrar afeto.

A disciplina e estabelecimento de limites e regras só são efetivos quando os pais demonstram afeto pelos filhos (ZOEGA, SOUZA E MARINHO, 2004). O afeto pode ser demonstrado através da organização de um tempo para passar com os filhos, fazendo junto a eles coisas que eles gostam e sintam prazer em fazer. É importante também que os pais demonstrem que gostam da criança independente dela obter ou não sucesso na escola. O amor deve ser incondicional.

9º – modelo adequado de envolvimento com as atividades.

A criança aprende de maneira mais eficaz quando ela vê alguém fazendo do que quando ela ouve que deve fazer. E para que ela aprenda, aquele comportamento observado deve ser consequenciado com reforço (conforme explicado no tópico 7).

Se os pais demonstram envolvimento e responsabilidade pelos estudos e/ou trabalho, mais provavelmente a criança também apresentará. Se eles apresentam gosto pela leitura e demonstram isto para a criança, mais provavelmente ela mais provavelmente apresentará também.

10º – promover diálogo.

Os pais devem ter disponibilidade para ouvir a criança, cuidando para não transformar estes momentos em monólogos onde eles apenas a questionam. Existem inúmeras pesquisas que demonstram que correlação negativa entre confiança da criança nos pais e envolvimento em atividades ilegais (GOMIDE, 2006).

11º – apresentar nível de exigência compatível com o desenvolvimento da criança.

De nada adianta cobrar da criança um desempenho o qual ela não possui condições de obter. Isto gera estresse e frustração nos pais e na criança.

12º – relacionar o teórico com a prática.

Quando os pais valorizam o que a criança aprende e conseguem relacionar aquilo com suas experiências o interesse e aprendizagem da criança são mais efetivos.

13º – incentivar o brincar e a socialização.

A criança que brinca tem um melhor desenvolvimento cognitivo, emocional e social. O dia da criança não pode se transformar em um fazer tarefas contínuo, devem existir momentos para a diversão – muitos momentos.

14º – Interessar-se pela vida do filho.

Os pais devem demonstrar interesse pela vida de seu filho em TODOS os momentos, não apenas quando este apresenta bons resultados. É importante que os pais participem das atividades que a escola do filho promove, acompanhe-o em situações onde ele gostaria de ser acompanhado, etc.

Autor: Esequias Caetano de Almeida Neto

Referências:

Gomide, P. I. C. (2006). Inventário de Estilos Parentais. Modelo teórico: manual de aplicação, apuração e interpretação. Petrópolis: Vozes.

Zoega, M. R. S; Souza, S. R; Marinho, M.L. (2004).  Envolvimento dos pais: incentivo a habilidade

de estudo em crianças. Campinas: Estudos em Psicologia.

Posted in Artigos, Educativos. Tagged with , .

Watson, Behaviorista Metodológico?

Watson é caracterizado como Behaviorista Metodológico por muitos autores em Psicologia. Muitos inclusive, atribuem esta caracterização da obra de Watson a Skinner – coisa que Skinner não faz em nenhum de seus textos.

O livro Princípios Básicos de Análise do Comportamento de Márcio Borges Moreira e Carlos Augusto de Medeiros é um exemplo. Na página 217, parágrafo 2 da edição de 2007, onde é feita uma citação do livro “Sobre o Behaviorismo”, os autores colocam um parêntese em uma frase referindo-se ao Behaviorismo Metodológico como o Behaviorismo de Watson. Coloco abaixo a frase:

O Behaviorismo Metodológico (de Watson) e algumas versões do positivismo lógico excluíam os acontecimentos privados porque não era possível um acordo público acerca de sua validade

O texto de  Strapasson e Carrara (2005), intitulado John B. Watson, Behaviorista Metodológico? apresenta uma discussão muito legal a respeito desta idéia.  Os autores dizem, basicamente, que:

A principal reinvidicação de Watson é sim relativa à restrição da pesquisa aos eventos  publicamente observáveis da atividade humana. Tal reinvidicação nasceu em protesto à psicologia introspeccionista da época que, devido ao seu caráter subjetivo, não poderia ser aceita como científica. Watson em seu manifesto Behaviorista defende a Psicologia Objetiva como única possibilidade desta tornar-se uma ciência, conforme explicam Strapasson e Carrara (2005).

Os autores ainda lembram que esta preocupação com o método (outra coisa que pode ter contribuído para ele ser classificado como Metodológico) é tida como característica definidora de seu Behaviorismo. Em detrimento da importância dada a ele para o método, obviamente sendo possível estudar somente o que é observável, em algumas de suas obras ele deixa uma brecha que muitas vezes passa a idéia da possibilidade de existência de um mundo metafísico – caracterizando-se assim, um dualista. Como exemplo, cito um trecho de uma obra dele que foi publicada em 1913:

““Seria então deixado para a Psicologia um mundo puramente físico, para usar o termo de Yerkes? Eu confesso que não sei. Os planos aos quais sou mais favorável para a Psicologia levam praticamente a ignorar a consciência no sentido em que o termo é utilizado pelos psicólogos hoje. Eu tenho virtualmente negado que esse campo da física é aberto à investigação experimental. Eu não quero ir além nesse problema no presente porque ele leva inevitavelmente para dentro da metafísica”. (Watson, 1913, p. 175, apud. Strapassom  e Carrara, 2005)”

Porém, conforme explicam, ele não era dualista. Watson diz que atividades como o pensamento, até então não observáveis, ainda viriam a ser. Ele assim, atribuía às condições tecnológicas da época a dificuldade de observá-los;  caracterizando-os como comportamentos – assim como os publicamente observáveis – mas que ocorrem em escala tão pequena que só a partir do momento em que houver a tecnologia adequada tornar-se-á possível estudá-los (Strapasson e Carrara, 2005).

O próprio Lanshey, aparentemente o primeiro a usar o termo “Behaviorismo Metodológico”, não enquadra Watson deste modo. Watson teria de assumir um mundo mental (metafísico) para ser classificado como Metodológico, e isto Watson não faz, lembram os autores. Ele rejeita a discussão metafísica do mesmo modo que outros cientistas naturais:

“O behaviorista gostaria de fixar a premissa, sem discutir suas muitas implicações metafísicas… O behaviorista… desvia seu olhar… da premissa metafísica e pede apenas para que permitam-no fazer observações sobre o que seu sujeito está fazendo sob dadas condições de estimulação. No lado metafísico ele pede apenas para ser colocado no mesmo cesto dos outros cientistas naturais .” (Watson, 1920, pp. 93-94, apud. Strapasson & Carrara, 2005, grifo acrescentado)

Conforme discutem Strapasson e Carrara (2005), as características do Behaviorismo Metodológico não se aplicam a Watson à medida que sua proposta se tornaria inviável diante do compromisso epistemológico do BM. Watson dizia que o Behaviorismo deveria ser capaz de explicar toda a atividade Humana; coisa que o BM não admite por ter entre suas premissas (compromisso epistemológico) a idéia de que o mundo divide-se entre um mental e um físico, sendo possível apenas estudar o mundo físico.

Apenas nos primeiros escritos de Watson podem ser encontrados traços do Behaviorismo Metodológico, como em sua obra The battle of behaviorism: An exposition and an exposure (1913). Em outros trabalhos, como o livro  Behaviorism e no artigo Is thinking merely the action of language mechanisms é possível perceber um viés metafísico materialista com algumas tendências revisionistas. No amadurecer de sua obra, no entanto, Watson foi se afastando cada vez mais do que se chama de Behaviorismo Metodológico.

Só para citar, alguns autores mais famosos que de fato podem ser considerados defensores do Behaviorismo Metodológico são Stevens, Spancer e Borin, além de Lanshey.

Compreender o pensamento de Watson é importante, afinal ele é o pai do Behaviorismo. O Rodrigo me disponibilizou uma coletânea de textos sobre ele, dentre os quais, estão os que me referenciei para escrever esta matéria. Estes textos foram usados em um curso a respeito de Watson ministrado na USP em 2008; estou me colocando a disposição para enviá-los a quem tiver interesse. Quem quiser recebê-los, envie um email solicitando para: e.c.neto@hotmail.com

Autor do texto: Esequias Caetano de Almeida Neto.

Artigo Base para a discussão: Strapasson e Carrara (2005). John B. Watson, Behaviorista Metodológico?. Link: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/viewFile/9120/9206

Posted in Artigos, Educativos, Epistemologia. Tagged with , , , .

O que o behaviorismo é e o que ele não é

skinner-80s-smilingNa data de hoje, pode ser encontrado no site do Sindicato dos(as) Trabalhadores(as)  em Educação Pública do Espírito Santo (http://www.sindiupes.org/?sub=92) mais uma referência – no mínimo incorreta – ao behaviorismo. Citando a publicação, o site critica as medidas políticas do estado em relação às bonificações oferecidas aos professores da rede pública estadual da seguinte forma:

“aplica um tratamento diferenciado, sob a justificativa de uma concepção educacional retrógada, que se baseia na punição e/ou na compensação (behaviorista).”

A presidenta da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental, Martha Hübner, afortunadamente pronunciou-se contra a infeliz menção à abordagem. Em sua carta, esclareceu:

“a origem e prática da denominada ‘recompensa’ não são, obviamente, behavioristas. O que o Behaviorismo fez foi estudar empiricamente seus efeitos (…). Há outros reforços [para além do reforço monetário], que chamamos de participação, atenção especial e tempo, muitos deles tão reivindicados pelo movimento sindical que seus dirigentes e os membros da sua base até poderiam ser chamados de behavioristas: solicitação de opiniões e idéias, intervalo extra, oportunidade de formação e voz ativa em decisões, citando só alguns.”

É lamentável notar que representantes tão sérios da opinião publica pouco se importam com a própria opinião pública, como fica claro na carta de Hübner – o estado do Espírito Santo está repleto de professores behavioristas que inevitavelmente se ofenderiam com as colocações apresentadas no site. E a ofensa repousa, principalmente, no desconhecimento daquilo que o behaviorismo é (uma ciência) e daquilo que o behaviorismo não é (um instrumento do controle coercitivo).

Equipe PeC

Leia a Carta da ABPMC ao SINDIUPES

Posted in Artigos, Beh. Radical, Ciência, Conceitos, Epistemologia. Tagged with , , , , , , , , .

Autocontrole: você pode ter???

Tratado geralmente como uma características das pessoas, no sentido de que alguns têm e outros não, a análise do comportamento tem proposto explicar fenômenos como este a partir das relações entre o ambiente e o organismo. Preparados para mudarem sua forma de ver o autocontrole?

Primeiramente, uma concepção internalista trata o autocontrole como derivado de traços de personalidade, de características inatas e de forças interiores. Argumentos à parte, tais concepções facilmente sucumbiriam a indagações tais como “por que as pessoas demonstram diferentes níveis de autocontrole em diferentes situações?”, “por que uma pessoa tem mais autocontrole em uma fase da vida e menos em outra?” e “por que as crianças são mais impulsivas que os adultos?”. São perguntas que enfraquecem o argumento de que o autocontrole pode ser determinado por um eu iniciador localizado no interior do sujeito.

A partir daí, podemos começar a buscar uma explicação externalista, ou seja, que parte da análise da interação entre resposta e ambiente para caracterizar o autocontrole. O primeiro passo para uma definição operacional do autocontrole é delimitar o que se pretende estudar. Os analistas do comportamento propõem que o autocontrole trata-se da escolha por um reforçador de maior magnitude com maior atraso atrasado em detrimento da escolha por um reforçador de menor magnitude e com menor atraso. A imagem abaixo ilustra esta definição:

autocontrole

Como podemos ver, o autocontrole é a preferência por uma recompensa maior que ocorrerá no futuro, ao invés de uma recompensa menor que está disponível no presente. Esta definição parece útil, pois retrata bem o que pode ser entendido como autocontrole no cotidiano. Por exemplo, eu digo que tenho autocontrole quando resisto a um belo pedaço de bolo de chocolate. Em outras palavras, estou optando por ser paquerado na praia durante o verão e talvez até arrumar um casamento (um reforçador de maior magnitude e mais atrasado), ao invés de comer um pedaço de bolo que logo será esquecido (um reforçador menor e imediato).

Porém, em que condições alguém escolhe a alternativa de autocontrole ao invés da alternativa de impulsividade? Os analistas experimentais tentaram responder a esta pergunta e encontraram resultados interessantes.

O primeiro deles vem das pesquisas sobre a escolha de compromisso. Nestas pesquisas, um sujeito (pombo, rato, criança etc.) poderia optar por uma contingência em que escolheria entre um reforçador menor e imediato ou um reforçador maior e mais atrasado (em geral o reforçador era tempo de acesso a alimento); ou por outra contingência em que somente poderia ter acesso ao reforçador maior e mais atrasado (chamada elo de compromisso). Os resultados demonstram que os sujeitos preferem a primeira contingência e acessam ao reforçador menor e imediato quando o intervalo entre a escolha desta contingência e o acesso ao alimento é pequeno; porém os sujeitos preferem apenas o elo de compromisso – aquela contingência que só permite acesso ao reforçador maior e mais atrasado – quando há um intervalo maior entre a escolha das contingências e o acesso aos reforçadores. É como se os sujeitos dissessem “já que eu tenho que esperar mesmo, então vou esperar só pelo que vale a pena”. Outro resultado interessante é que os participantes escolhem a contingência que não os permitem “cair na tentação” de optar pela impulsividade.

Um fenômeno observado a partir dos estudos de autocontrole é a inversão de preferência. Os pesquisadores demonstraram que a magnitude do reforçador estabelece um determinado intervalo de tempo em que aquele reforçador controla a resposta que o produz. Ou seja, um reforçador de maior magnitude pode controlar uma resposta mesmo estando mais distante no tempo, ao passo que um reforçador menor somente pode controlar uma resposta mais imediata. Assim, os reforçadores disponíveis no ambiente poderiam concorrer pela resposta, sendo que a distancia temporal determinaria a escolha. Tentarei explicar melhor a partir da figura abaixo: 
maria

Suponhamos que a moça rosa seja Maria, que tem diante de si a possibilidade de escolher entre dois reforçadores: um carro ou algumas guloseimas. O custo implicado em comprar um carro é maior que aquele implicado em comprar guloseimas, mas estão relacionados – então se Maria sempre comprar doces, dificilmente conseguirá comprar seu carro. Porém, o fato é que o carro é um reforçador de maior magnitude (GM) e controla o comportamento de Maria mesmo distante no tempo (linha amarela). Já as guloseimas são reforçadores menores (Gm) e só controlam o comportamento de Maria quando estão disponíveis imediatamente (linha verde). O fenômeno da inversão de preferência prevê, então, que Maria se comportará para comprar o seu carro mesmo muito antes de ir à concessionária (ponto x), poupando dinheiro por exemplo. Porém, quando Maria estiver passeando no shopping e ver uma loja com muitas guloseimas (ponto y), é muito provável que ela torre o dinheiro e compre suas balas prediletas. O ponto i da figura indica o momento em que Maria tende tanto a poupar como a torrar; é quando Maria fica confusa e seu comportamento é imprevisível.

A contribuição aplicada da análise do comportamento mais proeminente é a proposição de um procedimento que pode gerar a escolha pelo autocontrole em sujeitos que não demonstrem este repertório. O procedimento básico consiste em apresentar um reforçador de maior magnitude e um outro reforçador de menor magnitude simultaneamente, sendo que o sujeito pode escolher livremente entre ambos reforçadores. Uma vez observada a preferência pelo reforçador de maior magnitude, deve-se aumentar o intervalo de tempo ou o custo de resposta necessário para produzir o reforçador de maior magnitude. Este aumente deve ser realizado segundo um procedimento conhecido como esvanecimento aditivo, que é caracterizado pelo aumento gradual no intervalo ou no custo da resposta. Um exemplo é oferecer uma intervenção a crianças com TDAH que consista na apresentação de um prêmio maior e outro menor pela resolução de duas contas de matemática com nível de dificuldade semelhante. A partir do momento que a criança começar a preferir aquela conta que permite acesso ao reforçador de maior de magnitude, o terapeuta pode aumentar gradualmente a dificuldade dos problemas correlacionados ao reforço maior e manter o mesmo nível de dificuldade para aquele problema que permite acesso ao reforçador de menor magnitude. Em geral os resultados deste tipo de intervenção demonstram preferência pelos problemas de maior dificuldade em comparação ao repertório apresentado pela criança antes da intervenção.

 estudando

Então, como você vê o autocontrole agora? Se antes este só poderia ser entendido como uma aptidão inata, agora você pode contar com a compreensão analítico-comportamental deste complexo fenômeno estudado pela psicologia. E se você não sabia responder à pergunta-título desta publicação, o que me diria agora?

 

Texto base: Hanna, E. S. & Ribeiro, M. R. (2005). Autocontrole: um caso especial de comportamento de escolha. Em: J. Abreu-Rodrigues & M. R. Ribeiro. Análise do comportamento: teoria, pesquisa e aplicação. Porto Alegre: Artmed.

Posted in Ciência, Conceitos. Tagged with , , , , .