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Reducionismo Mentalista: atraso no estudo do comportamento?

“Em suma, precisamos modificar em grande parte o comportamento humano; (…) o que precisamos é de uma Tecnologia do Comportamento” (Skinner, 1971).

Assim como hoje muitos entendem o comportamento como algo inacessível à ciência, barrando assim a evolução dos estudos a respeito, há alguns séculos o que hoje se chama de física, química, biologia, também eram barradas pelos mesmos problemas. Como comentado no texto anterior, o físico Galileu Galilei, por exemplo, foi fortemente criticado e punido ao defender o Heliocentrismo, idéia esta que ameaçava o dogma de que a terra era o centro do universo.

Na química, atribuíam a natureza  (quente, frio, sólido, líquido, etc.) dos objetos a substâncias metafísicas existentes dentro deles;  substâncias estas que jamais foram estudadas por ninguém, nem ao menos vistas, mas diziam existir com base na suposta complexidade dos processos.  Se houvesse então alguma modificação na natureza ou composição dos objetos, ela era atribuída a uma mudança na quantidade ou qualidade da tal substância escondida e inobservável. Toda e qualquer conclusão a respeito desta substância e dos motivos das mudanças ocorridas no objeto observável não passava de opinião pessoal, impossível de ser verificada. A química nasceu de fato apenas a partir do momento em que deixaram de falar sobre a existência do que ninguém nunca viu, mas todo mundo dava detalhes, e adotou para sí um método de estudo calcado na observação e descrição de relações entre eventos, começando por Lavoisier ao formular a lei de conservação da massa, rompendo com a teoria flogística.

A teoria flogística dizia que  quando os objetos eram queimados eles perdiam flogisto, substância a que atribuiam o fato das coisas se queimarem. Lavoisier descobriu que, ao invés de perder flogisto, substância imaginária que diziam existir dentro dos objetos que se queimavam, os objetos absorviam oxigênio, substância contida no ar e responsável pelo fato do fogo manter-se aceso. Lavoisier descobriu também o gás carbônico e, posteriormente, ainda atribuiu ao oxigênio a cor vermelha do sangue arterial e ao gás carbônico a cor escura do sangue venoso.

Na biologia, os estudiosos tiveram de romper com a idéia de que o corpo humano era intocável e movido por uma entidade mágica, chamada vis viva ou alma. Isso começou a acontecer após o século XVI, onde os fisiólogos começaram a dissecar animais e estudar o seu funcionamento; inclusive foi neste século que a Medicina também evoluiu, já que durante a idade média, sofria forte resistência por parte da igreja católica que condenava qualquer tipo de pesquisa científica pelos motivos já citados. Foi apenas no século XVII que Willian Harvey, contrariando toda a tradição filosófico-teológica a respeito do funcionamento do corpo, aventurou-se a abrir o corpo humano, descobrindo então o sistema circulatório e, por consequência, observando que os componentes de nosso organismo mais pareciam com uma máquina onde as partes se correlacionam, trabalhando em conjunto, do que com algo sagrado movido por uma força mágica.

As mesmas críticas sofreu – e ainda sofre – Darwin por propor a teoria da evolução das espécies, contradizendo assim a idéia de que o ser humano é o supra-sumo da criação ao demonstrar que somos apenas mais uma espécie como qualquer outra; propondo então que nossas características são fruto da evolução, não de uma força suprema criadora. Sua descoberta gerou muito incômodo e lhe rendeu muitas críticas, tanto é que ele hesitou por muitos anos em publicar o resultado de seus estudos, só o fazendo no momento em que, caso não publicasse seus resultados, perderia o crédito da descoberta para outra pessoa que estava chegando as mesmas conclusões.

Os estudos de Darwin também contribuíram muito para os estudos com humanos. A partir deles, chegou-se à conclusão de que é possível, por exemplo, fazer testagens de remédios (ou estudar o comportamento) em animais infra-humanos antes de estudar nos humanos, bem como utilizar material animal em alguns procedimentos médicos, justamente por terem descoberto que partilhamos de algumas características com os animais.
Todas estas ciências só evoluíram a partir do momento em que adotaram para sí um método de estudo calcado na objetividade, abandonando inferências arbitrárias e desenvolvendo métodos de testagem e descrição de relações entre eventos físicos. Somente a partir do momento em que foi exigida uma certa criteriosidade que envolve a adoção de passos claros, bem descritos, estruturados e sistematizados, estas ciências foram capazes de estarem em condições de evoluírem e contribuírem de maneira sólida e crescente com o nosso conhecimento. O mais preocupante, porém nem tanto, é que para muitos na psicologia, chega a ser ofensa falar a respeito do uso deste tipo de procedimento controlado e sistematizado.
É preocupante porque isso impede o desenvolvimento de técnicas de trabalho bem controladas; técnicas possíveis de manipulação, alteração e capazes de funcionar com qualquer pessoa -, onde realmente se sabe o que está sendo feito, porque está sendo feito, e porque se chega a um determinado resultado.

O que, como dito antes, diminui um pouco a preocupação, é que mesmo Darwin, bem mais antigo do que a psicologia científica, ainda é fortemente criticado e até rejeitado por alguns que não admitem a idéia de não seremos seres especiais, mas apenas uma espécie a mais entre os animais. Além disso, muitos se dizem Darwinistas, porém, ao citarmos o fato de que somos apenas animais que, em função do histórico de interação com o ambiente de nossa espécie desenvolvemos estas características que hoje temos, se sentem ofendidos. Muitos ignoram a teoria Darwinista a tal ponto que tem a capacidade de afirmar que Darwin disse que somos descendentes dos macacos, o que é uma mentira; Darwin nunca disse isso.
Ao inferir a existência de estruturas metafísicas existentes dentro de nós que dão a nosso comportamento suas características, determinando-o assim, caímos no mesmo erro que os filósofos antigos caíam ao atribuir a vis viva, ou os religiosos, a alma, o fato de nosso corpo ter vida. Caímos também no mesmo erro que caiam os filósofos e religiosos ao dizer que a terra era o centro do universo, já que todos os fenômenos importantes observados “acontecem nela”. Caímos também, para concluir o raciocínio, no mesmo erro que caíam os filósofos ao atribuir a uma substância existente dentro dos objetos a sua natureza. Todas estas conclusões, assim como a vigente de que o comportamento é determinado por uma estrutura metafísica existente dentro de nós, advém da inferência: método onde o observador, a partir de sua própria experiência pessoal, subjetiva, atribui explicação a um fenômeno emitindo uma opinião pessoal sobre o que imagina que acontece. Uso o termo “imagina” porque é isto mesmo o que acontece. É o máximo que se pode fazer a respeito de algo que não pode ser observado e muito menos estudado: imaginar.

Ao dizer que um dado comportamento acontece porque há uma estrutura dentro de nossa cabeça que o controla, chegamos a outro problema: além de termos que explicar o comportamento observado, temos que explicar o funcionamento desta estrutura e como é que se dá a relação dela com o organismo para que este se comporte. Se esta estrutura não é física, não é observável, não é acessível, como estudá-la? O máximo que se pode fazer, é emitir uma opinião. E mais: como algo não físico pode interferir em algo físico?

Qual vantagem investigativa nos dá uma inferência, sabendo que esta trata-se apenas da opinião de quem a faz, estando sujeita a refletir mais da história de vida e aprendizagem proporcionada pela comunidade verbal do sujeito do que sobre o fenômeno o qual ele infere? Que valor pode ter uma opinião pessoal, sem menor possibilidade de verificação ou generalização, quando se fala em compreender alto tão complexo e diverso como o comportamento humano? Diante de uma outra inferência que, por ser feita por outra pessoa, com história de vida diferente, vivências diferentes, que certamente será também diferente, como saber se ela é um avanço ou apenas um ponto de vista diferente com relação aos estudos sobre a inobservável, indescritível e misteriosa mente? Isso é perigoso pois, como não se tem acesso ao objeto de estudo, não sendo possível então conhecer suas características, também não é possível estabelecer qualquer tipo de critério que sirva de base tanto para evolução daquele conhecimento, quanto pra julgar se ele é ou não mais acertado do que o outro anterior, o que se pode ter é apenas mais uma opinião, tão duvidosa e subjetiva quanto a outra. Como é possível avançar tecnologicamente em um campo onde tudo o que se tem são opiniões pessoais que, queira ou não, são construídas culturalmente? Como é possível falar sobre algo que não se conhece, não se observa, não se estuda? Depende única e exclusivamente da fé acreditar que a mente tem as características descritas pelo autor X ou pelo autor Y. Como já dito, mas volto a enfatizar, quando um autor fala a respeito desta entidade mágica, por se tratar apenas de uma opinião dele, ele nos conta mais a seu próprio respeito do que sobre a entidade a que se refere. As características que ele atribui a elas, por não poder observá-la, são características que ele imagina que ela possua, não que realmente possua.

Uma disciplina que se proponha a estudar algo tão complexo como o comportamento, então, não deve  depender de opiniões pessoais, já que estas, são apenas, com o perdão da redundância: opiniões pessoais. Para falar a respeito das leis que governam o nosso jeito de agir, não podemos nos esquecer, de modo algum, de que cada pessoa possui um modo particular de se comportar, aprendido a partir do momento em que nasce através da interação de sua carga genética com o ambiente onde está inserido; modo este que não pode ser reduzido a especulações ou simples inferências que tem mais a ver com quem as faz do que com o que está sendo estudado, criando então, discordâncias insoluveis entre os teóricos onde cada um fala o que acha que acontece.

Esequias Caetano de Almeida Neto.

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Como lidar com os filhos

O bem estar da criança está intimamente ligado com a habilidade de seus pais. Não é incomum encontrar, na clínica infantil, crianças cujos problemas poderiam ser resolvidos caso os pais tivessem alguma instrução sobre análise do comportamento. Este pequeno guia sobre como lidar com os filhos tem o objetivo de prevenir problemas e fornecer ferramentas aos pais para resolverem possíveis problemas de comportamento dos filhos.

pais e filhos

POR QUE NOS COMPORTAMOS?

Para começar, vamos entender por que nos comportamos.

O mais importante a saber é que fazemos o que fazemos porque fomos ensinados. Tudo o que fazemos é aprendido, até mesmo os comportamentos inadequados dos nossos filhos. Se os pais não ajudam o filho na escola, não pedem para eles arrumarem o quarto, não se preocupam se eles saem à noite, com certeza as crianças vão aprender que não precisam estudar, não precisam arrumar o quarto e podem sair para onde quiserem. O fato de que comportamentos são aprendidos é uma boa notícia: significa que podemos ensinar maneiras diferentes de agir. Podemos identificar quais são os comportamentos dos nossos filhos que são inadequados, e criar situações para que eles aprendam melhores formas de se comportar. Para isso, precisamos entender melhor sobre os motivos do comportamento.

Em primeiro lugar, as pessoas se comportam para conseguir algo que querem. Por exemplo: abrimos a geladeira para pegar água, vamos à escola para aprender, convidamos nossos amigos para brincar porque eles nos fazem bem, e assim por diante. Também nos comportamos para evitar algo que é desagradável. Por exemplo: colocamos blusas quando está frio, estudamos para não ir mal à prova, tiramos o sapato se há uma pedra, etc.

Outra propriedade importante do comportamento é que ele é diferente em lugares diferentes. O comportamento na sala de aula difere do comportamento no recreio. As ações diante do chefe diferem das realizada na presença do marido ou da esposa. É importante saber disso porque é comum que nossos filhos se comportem de maneira inadequada com o pai, mas não com a mãe, ou somente na escola e nunca em casa. Se conseguirmos identificar em que situações e com quais pessoas nossos filhos se comportam de forma errada, mais facilmente podemos corrigir esse comportamento.

Vamos usar o exemplo da criança que faz arte na presença do pai e não da mãe. Podemos supor que parte do problema está no fato de que o pai não deve estar estabelecendo regras para a criança, enquanto a mãe consegue impor limites. Agora imaginem uma criança que só estuda na véspera da prova. Muito provavelmente ela faz isso porque os pais não a incentivam a estudar um pouco a cada dia. Se a criança cuidada pela avó faz birra somente quando a mãe, que trabalha o dia todo, chega em casa, isso pode significar que ela está tentando chamar a atenção da mãe com a birra. Esses exemplos mostram a importância de saber em quais situações e com quais pessoas as crianças se comportam inadequadamente. A identificação desses momentos é fundamental para planejar a mudança do comportamento.

A RESPONSABILIDADE DOS PAIS

Pai e filho estudandoOs pais, se desejam ajudar os filhos a corrigir comportamentos problemáticos, devem assumir a responsabilidade pelo que está acontecendo. O que os filhos fazem está relacionado com o comportamento dos pais. Portanto, há sempre algo que pode ser feito para o bem das crianças. É fundamental que os pais assumam a responsabilidade porque eles são as pessoas mais importantes para os filhos e é principalmente na convivência familiar que a criança se desenvolve.

Agora que já foi falado sobre os motivos do comportamento, os pais precisam saber que existem quatro formas diferente de lidar com as ações dos filhos.

A primeira e mais recomendável forma de lidar com os comportamentos dos filhos é premiar as ações positivas com elogios, carinhos, presentes, passeios, comidas preferidas, etc. O comportamento positivo premiado tende a ocorrer novamente. Esse prêmio, no entanto, não deve vir após uma ameaça e deve ocorrer da forma mais natural e menos planejada possível. O prêmio também não deve ser apresentado sempre, mas apenas de vez em quando. Crianças que ouvem palavras de incentivo dos pais crescem felizes, saudáveis e autoconfiantes. Os melhores pais são aqueles capazes de dar atenção aos filhos. É preciso tomar cuidado para o prêmio não virar chantagem. Repito: o prêmio (seja carinho, passeio, etc) deve ser o mais natural e menos planejado possível. Pais que premiam sempre e fazem todas as vontades dos filhos podem estar criando crianças mimadas que terão problemas de se adaptar à realidade. Crianças que têm tudo o que querem não desenvolvem autoconfiança e têm dificuldades em lidar com a frustração.

A segunda forma de lidar com os comportamentos dos filhos é não fazer nada. Há pais que, independentemente do que os filhos fazem, seja bom ou ruim, nada fazem: não dão prêmios ou broncas, não fazem carinhos nem deixam de castigo. Pais que não se importam para o que os filhos fazem podem estar criando adultos com dificuldade de aprendizagem, com baixa auto-estima e baixa autoconfiança. Essas crianças podem se tornar adultos apáticos, incapazes até mesmo de conhecer suas próprias preferências.

A terceira forma é motivar o filho com algum tipo de ameaça. Por exemplo, há pais que criam regras como “se você não estudar, vai ficar de castigo” ou “ou você arruma o quarto ou vai apanhar”, e assim por diante. Essa forma de lidar com as ações dos filhos apenas empurram o problema para frente, mas não o resolvem. Filhos que crescem recebendo ameaças não são capazes de entender o porquê devem se comportar de maneira positiva. Serão adultos desconfiados e com medo de errarem.

A quarta forma é brigar ou bater nos filhos sempre que eles fazem algo errado. Apesar de parecer a mais funcional das formas, é a menos recomendada. Filhos que apanham ou são xingados pelos pais se tornam adultos violentos, sem nenhum amor próprio e sem autoconfiança. Alguns estudos correlacionam a violência na infância com criminalidade. Por isso, bater ou xingar é a pior maneira de lidar com os filhos. Sempre que possível, os pais devem evitar punir suas crianças. Como dito anteriormente, é muito melhor ensinar os filhos por meio da premiação.

DO QUE AS CRIANÇAS GOSTAM

crianças pulandoAgora que os pais sabem a melhor forma de lidar com os comportamentos dos filhos, é válido falar sobre o que as crianças gostam. Se os pais souberem o que é importante para seus filhos, é mais fácil que cuidem deles com atenção e carinho.

Segue uma lista de coisas que as crianças gostam:

1. Brincar: a brincadeira é fundamental para as crianças aprenderem a se relacionar socialmente e conhecer seus limites. Por meio das brincadeiras, elas desenvolvem sua inteligência, imaginação e passam a aprender a diferenciar suas preferências das de outras pessoas.

2. Receber carinho e atenção: tanto meninas quanto meninos gostam de receber carinho e atenção dos pais. Carinho faz com que as crianças se sintam felizes, possibilitando que cresçam com saúde, auto-estima e autoconfiança.

3. Ser ouvido: permita que seus filhos contem histórias, ainda que fantasiosas. Ser ouvido faz com que a criança se sinta valorizada.

4. Poder decidir: meninos e meninas adoram tomar decisões. Uma vez por semana, deixe seu filho escolher o jantar. Permita que ele escolha qual canal assistir, qual refeição comer, etc. Isso é ótimo para autoconfiança dele e ajuda no crescimento saudável.

5. Aprender coisas novas: crianças são curiosas por natureza. Elas gostam de explorar o ambiente, fazer perguntas, etc. Ajudem-nas nisso. Crianças incentivadas a aprender se tornam mais inteligentes e capazes. Portanto, respondam as dúvidas dos seus filhos.

6. Não ser comparado: não é correto comparar um dos seus filhos com seus irmãos ou com outras crianças. Cada pessoa é única e deve ser tratada assim.

7. Ser valorizado: meninos meninas adoram quando os pais prestam atenção no que fazem e elogiam seu trabalho. Elogiar e prestar atenção é uma boa maneira de criar auto-estima e autoconfiança.

COMO VOCÊ DEVE TRATAR SEU FILHO

crianças estudandoA melhor forma de evitar dificuldades é prevenindo sua ocorrência. Um lar pacífico evita crianças com problemas de comportamento. Hoje em dia, a pressão do trabalho é grande. Os pais chegam em casa estressados e cansados e não têm vontade, ou tempo, de estar com os filhos. É compreensível. No entanto, isso não pode servir como desculpa para uma má educação. Se os pais se esforçarem e criarem um ambiente agradável em casa, vão chegar do trabalho com mais energia, pois vão encontrar paz e o carinhos dos filhos. Se os pais não dão atenção ao lar, o caos se forma e chegar do trabalho pode se tornar desagradável. Portanto, investir na paz em casa é benéfico tanto para os pais quanto para os filhos.

Seguem algumas dicas para um ambiente saudável e para lidar adequadamente com as crianças:

1. Seja honesto e direto com seus filhos. Às vezes as crianças fazem perguntas desconcertantes, ou querem saber o motivo de certas proibições. O melhor caminho a tomar é explicar para os filhos as razões de tudo. Se uma criança entender por que deve olhar para os dois lados antes de atravessar a rua, é muito mais provável que faça isso com cuidado do que se simplesmente ouvir a regra e levar bronca no caso de não segui-la.

2. Tenha certeza de que ensinou o comportamento correto. Muitas vezes exigimos que nossos filhos façam as coisas do nosso jeito, mas não ensinamos exatamente como é esse jeito. Então, antes de brigar com seu filho, tenha certeza de que você deixou claro para ele qual é a maneira correta de se comportar.

3. Todas as pessoas são diferentes. Lembre-se sempre que cada pessoa é única e tem gostos e preferências particulares. Antes de dar uma ordem, de brigar com seu filho, de dizer que ele não faz nada direito, pense nas preferências dele. Não é justo exigir que todas as pessoas sejam iguais a você. É saudável respeitar as particularidades das pessoas.

4. Seja firme, mas não punitivo. Já foi falado sobre o problema de ser punitivo, mas não dos benefícios de ser firme. Ter firmeza significa não voltar atrás nas suas decisões. Uma proibição deve se manter uma proibição até que a situação mude de alguma forma. Pais que voltam atrás em suas decisões podem gerar filhos sem limites. Por exemplo: é muito comum que os pais deixem o filho de castigo, mas o tirem com antecedência por ficarem com dó da criança. Ser firme, nesse caso, consiste em não tirar a criança do castigo até que a determinação inicial tenha sido cumprida.

5. Passe um tempo com seu filho. Após chegar do trabalho, ou nos fins de semana, passe um tempo com seu filho. O ideal é conversar um pouco e brincar com ele. Se não for possível, pelo menos jantem no mesmo horário e assistam ao programa favorito da criança. Filhos que não passam tempo com os pais podem desenvolver problemas em relacionamentos e dificuldade em confiar em outras pessoas.

6. Interesse-se pelas tarefas da escola. É comum que os pais pensem que o filho tem a obrigação de estudar. Isso é só parcialmente correto. Os filhos devem, sim, freqüentar a escola, mas ao invés de serem forçados, devem ser incentivados a isso. Pais que se interessam pelo que aconteceu na escola, que vistam as tarefas escolares, que ajudam os filhos a estudarem para as provas e que participam dos eventos da escola, estão contribuindo não só para a formação imediata do filho, mas para seu futuro de interesse pelos estudos. Não é preciso saber sobre o que os filhos estão estudando. Mostrar interesse basta para incentivar a criança.

7. Sejam coerentes. Há pais que dividem os papéis. Um deles é o liberal e o outro, o chato. Isso deve ser evitado. O ideal é que os pais entrem em acordo sobre os limites dos filhos e sobre possíveis punições ou prêmios. Pais discordantes podem deixar o filho confuso, além do fato de que as crianças podem passar a preferir um do pais ao outro, o que não é desejável nem saudável.

8. Imponha limites. Crianças precisam saber até onde podem ir. Tratar bem o filho não é sinônimo de deixá-los fazer o que bem entenderem. Os limites são importantes, pois protegem os filhos de fazerem algo perigoso ou que pode ser socialmente considerado ruim. Por meio dos limites, as crianças aprendem que há regras no mundo e que é preciso obedecê-las como todos fazem. Os limites devem ser pensados para não serem muitos nem poucos. Crianças com muitos limites crescem com medo de errarem e arriscarem. Crianças com poucos limites podem se tornar sem valores morais.

9. Reconheça seus erros. Ninguém é infalível. Se você cometeu algum erro com seu filho, não tenha medo de admitir. Além de fazer bem para você e para a criança, isso vai ensiná-la a se responsabilizar por seus atos.

10. Converse também sobre assuntos delicados. Muitas crianças têm curiosidade sobre sexo, morte ou outros assuntos do tipo. O ideal é não esconder delas o que são essas coisas, e falar sobre esses temas de uma forma apropriada para cada idade. Uma criança de 7 anos não precisa saber tudo sobre sexo, mas é bom que saiba o que é isso. Já uma criança de 16 anos precisa saber tudo sobre sua sexualidade. Apesar de esses assuntos serem tabus, eles precisam ser tratados. A honestidade e clareza com a criança pode prevenir problemas futuros.

11. Seja um modelo. Filhos imitam os pais. É injusto exigir do filho um comportamento que os pais não demonstram.

12. Procure ajuda. Caso essas dicas não ajudem, procurem ajuda de um profissional. Problemas graves, como abuso de drogas, podem requerer auxílio de uma pessoa especializada no problema. Não há vergonha em pedir ajuda. Pelo contrário, é nobre querer ajudar o filho.

Essas dicas encerram este pequeno guia. Caso tenha contribuições para complementá-los, deixe-as nos comentários. Caso queria, conheça o serviço de Treino de Pais.

Robson Faggiani

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Reforçamento Positivo na Análise do Comportamento – Definição e aplicações clínicas

Dentro de uma abordagem Analítico-comportamental , o reforçamento positivo está presente em muitas técnicas e sem duvida é um principio importante para a mudança comportamental.

Entender o conceito e a aplicação é fundamental para o analista do comportamento articular as sessões para que classes de respostas alvo sejam constantemente reforçadas afim de se mudar um comportamento problema, caso seja esse o objetivo.

O terapeuta deve no inicio ser um agente reforçador por si só, já que o cliente procura um terapeuta e o tem como alguém que detém um conhecimento que pode ajudá-lo  e qualquer ato ou palavra que alivie o sofrimento já tem um papel reforçador para respostas de compromisso e maior aderência ao processo psicoterápico. Ainda podemos falar que esses processos aprofundam e melhoram a relação terapêutica que se está sendo estabelecida entre terapeuta e cliente.

Ao lidar com o reforço positivo são necessários cuidados, é preciso estabelecer um criterioso levantamento de dados e fazer uma boa análise funcional para definir a princípio qual é o melhor esquema de reforçamento para o caso do cliente dentro dos objetivos da terapia.

Alguns clientes funcionam sobre um esquema de contingência de reforço positivo muito infrequente. Isso significa que esse cliente tem uma tolerância a frustração muito grande. Sendo assim, acabam não sendo sensiveis a novas contingências reforçadoras e não operam no ambiente, pois já se acostumaram a suportar frustração e condições aversivas. Nesse caso mantem seu comportamento inalterado, mesmo que seu padrão de respostas produzam conseqüências aversivas.

Clientes que são expostos a contingências de total privação ou de privação moderada de fontes reforçadoras experimentam um intenso sentimento de culpa assim que os reforçadores são apresentados,  isso acontece por possuírem repertórios modelados de uma extrema tolerância a frustração (Guilhardi, 2002, p. 136).

Contingências de reforçamento positivo escassas podem gerar sujeitos que não possuem repertórios comportamentais capazes de produzir reforçadores em ambiente natural intrinsecamente, precisando sempre de esquemas de reforço extrínseco sugerindo baixa auto-estima e dificuldades em relacionar-se em um ambiente social. Com isso pode-se dizer que o individuo sofre um impacto negativo em sua variabilidade comportamental e portanto vai ter dificuldades em buscar novas formas de reforçamento.

Segundo Horcones (1983), as palavras “extrinseco e intrinseco” referem-se apenas a origem das conseqüências. Se o cliente ao responder a estímulos discriminativos, obtém uma conseqüência reforçadora dizemos que o reforçamento é intrínseco e com isso se configura em uma resposta naturalmente reforçada.

Quando o responder do cliente é reforçado pelo ambiente através do terapeuta, dizemos que o reforço é extrínseco e arbitrário, já que foi possibilitado por outra fonte que não seja o próprio responder do sujeito. Em outras palavras, quando falamos de reforçamento positivo intrínseco, nos referimos ao uma relação entre resposta e conseqüência, em que a conseqüência é produto direto da resposta, ou seja, a conseqüência reforçadora é produto direto da resposta do próprio sujeito. Quando falamos de reforçamento positivo extrínseco, vamos nos referir a uma relação entre conseqüência e resposta, em que a conseqüência depende da própria resposta do individuo somado a outros eventos.

O reforçamento intermitente é mais eficaz que o CRF por facilitar a variabilidade comportamental, já que torna a sessão mais proxima ao ambiente natural onde é preciso operar no ambiente e algumas respostas vão ser reforçadas e outras não. O reforçamento de esquema intermitente mostra melhores resultados por que aumenta a tolerância a frustração e obriga o indivíduo a continuar operando para receber o reforço que outrora era sempre apresentado.  Isso é especialmente verdade quando falamos de comportamento social, onde algumas respostas são reforçadas e outras entram em extinção.

O reforçamento positivo é um processo que consiste em apresentar um estímulo conseqüente que aumente a probabilidade da emissão de respostas. Dentro do contexto clinico, é importante determinar respostas que devem ou não ser conseqüenciadas positivamente.  Mas também é sabido que, como no caso da psicoterapia o reforço é obtido dentro do contexto clínico, pode ser que o mesmo reforço não seja produzido em ambiente natural. É necessário que o terapeuta também ajude o cliente a instrumentarlizar-se para obter esses reforços em seu ambiente fora do contexto clínico, podendo generalizar fontes reforçadoras obtidas através de um novo repertório comportamental que foi ou está sendo modelado em terapia.

A terapia seria falha se o cliente só conseguisse operar em um ambiente clínico e só fosse reforçado nesse ambiente, não levando novos repertórios para seu ambiente natural. O reforço extrínseco deve ser capaz de instalar novos repertórios comportamentais para que o reforço seja intrínseco ao comportamento do cliente. Nesse caso, acontecerá a generalização e conseqüentemente repertórios inadequados, não assertivos e agressivos vão ser extintos.

Em alguns casos o terapeuta sozinho não consegue modelar novos repertórios comportamentais apenas em um ambiente clínico. Para esses casos, o trabalho conjunto com o A.T. (Acompanhante Terapêutico) mostra resultados interessantes. O terapeuta como fonte reforçadora em ambiente clínico modelando novos repertórios comportamentais e o A.T. como fonte reforçadora externa ao contexto clínico, e em alguns casos mais graves, dando modelos de novos repertórios para que o cliente possa ver uma classe de respostas mais ampla e com isso passe a imitar o Acompanhante Terapeutico.

Se espera com esse trabalho em conjunto que a generalização de reforçadores seja facilitada contribuindo para a instalação permanente de novas classes de respostas mais adaptadas e novos repertórios comportamentais. Em um próximo texto discutirei um pouco mais o trabalho do Acompanhante Terapeuta ( A.T.).

Agradeço ao Rodrigo Nunes Xavier a importante contribuição na elaboração do presente texto.

Referencias :

Madi, M. B. B. P. (2004). Reforçamento positivo: princípio, aplicação e efeitos desejáveis. Em C.N. Abreu e H.J. Guilhardi (orgs.) Terapia Comportamental e Cognitivo-comportamental : práticas clínicas. Capitulo 2, 41-54. São Paulo : Roca.

Kohlemberg, R.J. e Tsai, M. (2001). Suportes teóricos da FAP.  Em: Psicoterapia Funcional Analitica: Criando Relações Terapeuticas Intensas e Curativas. Santo André : ESETec. (pp.8-18).

Andery, M.A.P.A.; Sério, T.M. Consequências intrínsecas e extrínsecas. Em : C.E. Costa, J.C. Luzia, H. H. Nunes S´Antana(orgs.) Primeiros Passos em Analise do Comportamento e Cognição, Vol 2. Santo André : Esetec, 2004 (pp 43-48)

Por : Marcelo C. Souza

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Breves considerações sobre psicopatologia

Desde muito cedo em sua história, a análise do comportamento se preocupou com o estudo das psicopatologias e com o desenvolvimento de tecnologias para lidar com elas. Neste post, irei considerar brevemente as contribuições dos modelos experimentais de depressão de Ferster, as interpretações baseadas em coerção de Sidman e as teorias clínicas de Kohlenberg, Tsai e Steven Hayes.

Primeiramente, Ferster formalizou um modelo experimental animal análogo à depressão. No modelo de Ferster, o que se chamou de depressão foi uma diminuição na freqüência global do responder e um aumento de respostas negativamente reforçadas em animais experimentais. As variáveis manipuladas nos experimentos de Ferster foram estimulações aversivas, como choques elétricos. A partir destes experimentos, se pôde pensar na depressão como um estado geral de inatividade ou de comportamentos de fuga e esquiva originados e mantidos por contingências aversivas. Após o trabalho de Ferster, inúmeros modelos experimentais de problemas humanos foram elaborados, como modelos para o TOC, para o desamparo aprendido, para o autocontrole, etc.

Outra contruibuição foi o trabalho de Sidman, que propôs que o papel das contingências aversivas sobre as psicopatologias ia além da depressão. No livro Coerção e suas implicações, Sidman apresenta três formas de controle coercitivo e ensaia sobre as possibilidades destes tipos de controle estarem relacionados com as psicopatologias. Os tipos de controle descritos por Sidman são a punição, o reforço negativo e a manipulação dos reforçadores. Punição é a estimulação aversiva apresentada, ou os estímulos reforçadores retirados, após a emissão de um comportamento. Reforço negativo é a remoção de um estímulo aversivo pela resposta. E manipulação de reforçadores é caracterizada pelo detrimento de reforçadores por uma pessoa até que a outra produza reforçadores específicos para a primeira. Exemplos destes processos são quando um senhor bate ou prende um escravo que o desobedeceu, chicoteie este escravo até que ele trabalhe ou tranque o armazém de alimentos até que o escravo trabalhe. Assim, Sidman analisa os mecanismos de defesa de Freud e as desordens psiquiátricas a partir de histórias de exposição à coerção.

Posto que há um consenso de que a etiologia de muitas psicopatologias estão relacionadas ao controle aversivo, terapeutas analítico-comportamentais apresentaram teorias acerca de problemas clínicos e propuseram  intervenções que tentam minimizar o sofrimento originado pelo controle aversivo. Nesta linha, Kohlenberg e Tsai apresentam um modelo que descreve como problemas clínicos podem se originar de controle aversivo ocorrido em relaciomanentos interpessoais. Segundo este modelo, o controle aversivo presente em relações interpessoais pode estabelecer repertórios problemáticos, como a manipulação do comportamento verbal e os problemas de self. Propõem então a Psicoterapia Analítica Funcional como uma estratégia para modelar comportamentos próprios de relações interpessoais que foram punidos ou não foram modelados na história dos clientes. Uma outra abordagem analítico-comportamental é baseada na Teoria dos Quadros Relacionais de Steven Hayes. Nesta teoria, relações arbitrárias entre eventos da vida e o comportamento verbal podem ser estabelecidas pelo reforço, sendo que as pessoas responder a uma verbalização de forma semelhante à perda de um ente querido, por exemplo. Isto é chamado de reponder relacional. A partir daí, Hayes propõe a Terapia da Aceitação e Compromisso como uma estratégia para diminuir o impacto do sofrimento de natureza verbal sobre os clientes. Nela, a aceitação de determinados eventos averisvos, a quebra da relação entre o comportamento verbal e o sofrimento e a modelagem de repertórios alternativos e imcompatíveis com o sofrimento de origem mais verbal são o foco do processo terapêutico.

Desta forma, podemos entender que os analistas do comportamento têm estudado a psicopatologia a partir de modelos experimentais, segundo o modelo de análise da coerção, em termos de problemas com origem nas relações interpessoais e de intimidade e de acordo com a teoria dos quadros relacionais.

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A Evolução de uma Cultura

Estava assistindo uma Aula de Vida em Grupo e Cultura com os Professores Denis Zamignani e Roberto Banaco a qual eles discutiam como uma cultura se mantem e evolui.

Quando estava ouvindo a discussão comecei a pensar no papel que apenas um individuo tem ou pode ter na manutenção e mudança de uma cultura com valores estabelecidos e estáveis.

Pensando nessa questão, acabei lembrando de alguns exemplos. Principalmente de culturas instaveis mantidas a força como o caso de Cuba do ex ditador Fidel Castro, o Regime Talibã e a propria ditadura militar no Brasil.

Começo a estabelecer relações e começo a imaginar que todas essas culturas tem algo em comum, pois mesmo que um poder constituido lute para manter a estabilidade, um unico individuo pode desestabilizar e destruir uma cultura, modificando tudo em beneficio próprio ou de seu grupo apenas alterando contingências e cuidando que o entrelaçamento dessas mesmas contingências produzam a consequência esperada.

Hittler foi um grande exemplo de como um individuo pode introduzir um elemento em uma cultura ja estabelecida e mudar toda uma nação. Ele absorveu todo o descontentamento da nação. Principalmente pela derrota e humilhação pós guerra e com isso liderou milhões em uma luta comum e a sua luta continua até hoje em alguns grupos ditos Neo Nazistas.

Diretamente ou indiretamente os lideres de grupos e nações sabem que um unico individuo pode desestabilizar culturas e tomam cuidados para evitar isso. Me lembro de uma gravura que vi na epoca do colégio. Era uma fila de pessoas caminhando, todas com a cabeça baixa e seguindo a mesma direção. Em seguida uma das pessoas da fila pensa em voz alta ” Onde estamos indo ?”, no proximo quadrinho a pessoa desapareceu antes que os outros comecem a pensar e fazer perguntas tambem.

Ouvindo tudo que os professores estavam dizendo e todos os debates que a essa altura já estavam sendo desenvolvidos, comecei a imaginar que tipo de controle e que tipo de cultura estamos respondendo enquanto psicolólogos. Respondemos a uma forma de pensamento que preza a liberdade e autonomia dos clientes ou reproduzimos uma adaptação a uma cultura atual e estabelecida no Brasil de pais colonizado e consequêntemente treinado históricamente para obedecer ?

Enquanto Analistas do Comportamento sempre estamos fazendo análises sobre o ambiente, mas não paramos muito para pensar no nosso papel e qual é o efeito das nossas intervenções no ambiente.

É algo importante a qual não vejo muitas respostas, somos modelados para observar o que o ambiente causa nas pessoas, mas não somos treinados para perceber a nossa responsabilidade enquanto Analistas do Comportamento atuantes em um ambiente com suas regras impostas diretamente ou indiretamente.

A pergunta ” Que cultura estamos perpetuando” realmente me incomoda muito, pois enquanto psicólogo e individuo imerso em uma cultura definida por contingências que em muitos casos não tenho controle, começo a me preocupar e perceber que tem algo muito errado, somos manipulados e nos contentamos com pouco. É a politica do egoismo tipica do Capitalismo.

Enquanto Psicólogo e Analista do Comportamento, talvez um futuro professor de Psicologia e consequêntemente formador de opinião, fico me perguntando se não é hora de introduzir no ambiente novas contingências de Controle para a modificação de uma cultura que preza o consumir ( mesmo que seja necessario destruir ) para uma forma de cultura mais humana que preza os direitos humanos e liberdade alem de valorizar o potencial humano de fazer o bem? O problema é que começo a imaginar que existe um limite ético para a atuação do psicólogo. Fico dividido entre dois pensamentos concorrentes. Sera que tenho esse direito de arranjar novas contingências ou se na verdade é o meu dever enquanto profissional de qualidade de vida.

O fato é que essa cultura com suas coisas boas e ruins só está sobrevivendo por quê esta sendo alimentada e possui um equilibrio, mas toda cultura trás em si mesma a própria destruição, pois as contingências vão mudando e basta uma pessoa com uma ideia nova para mudar tudo para melhor ( ou pra muito pior ).

Considero a ultima questao como fundamental para a discussão de Ética Profissional.

Por : Marcelo C. Souza

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Behaviorismo Radical e Realismo

Olhando alguns livros eu encontrei algumas críticas ao Behaviorismo Radical que me chamaram a atenção. Pra variar, essa crítica se parece muito com as tradicionais confusões que acontecem entre o Behaviorismo Radical de Skinner e o Behaviorismo Metodológico.Queria comentar em especial uma frase que encontrei em meu livro de Personalidade no capítulo onde ele fala sobre o Behaviorismo Radical, eis aqui:

Não há dúvida que o Behaviorismo ‘funciona’. A tortura também. Coloque-me nas mãos um Behaviorista firme, eficiente e realista, algumas drogas e aparelhos elétricos simples, que em seis meses farei com que ele recite em público o Credo de Anastácia“.

A brincadeira é de autoria do poeta W. H. Auden e está no livro Teorias da Personalidade – Da teoria clássica a pesquisa moderna, 2ª edição, página 196.

A “proposta” do poeta aparentemente explicita que:

1 – O Behaviorismo Radical é realista.
2 – O Behaviorista ignora os sentimentos.

O realismo representa a idéia de que os carros, os prédios, as casas, as pessoas que vejo estão lá realmente – que existe um mundo fora do sujeito e é este mundo que dá origem as nossas experiências. Se dou as costas para um carro, eu acredito que ao me virar ele estará lá novamente. É como se eu dissesse que o carro e tudo mais o que vejo está fora de mim, enquanto minha experiência, minha percepção a respeito disso, meus pensamentos, são coisas que estão dentro de mim.


Essa corrente filosófica pode ser contrastada com o pragmatismo, que teve como principais precursores Charles Pierce e William James. Para o pragmatista, não importa se o carro, o prédio ou qualquer outra coisa realmente exista, mas sim que este objeto exerça algum poder explicativo ou função no ambiente. Para James, a nossa concepção a respeito de algum objeto consiste em seus efeitos práticos apenas, nada mais.


Embora não haja consenso entre todos os autores, Baum (2006) afirma que os Behavioristas Radicais preferem o pragmatismo ao realismo em função do escopo dualista que o realismo carrega. Se você afirma que “o mundo exterior é real”, estará levantando a questão “se estou separado deste mundo exterior real, onde eu estou?”. A psicologia popular responderia que você tem dentro de sí um mundo interior privado, subjetivo, em que você experimenta sensações, pensamentos e sentimentos. Somente o corpo externo pertence a este mundo exterior. Isso levaria a outra questão, “como é que esse mundo exterior influencia o comportamento?”. É impossível se chegar a alguma resposta já que não há como investigar a maneira pela qual uma variável não natural influencia um evento natural.


Behaviorismo Metodológico baseava-se no realismo. Eles diziam que a ciência lidava apenas com o objetivo, observável por mais de uma pessoa. Consideravam que a ciência era constituída de métodos para o estudo do mundo “fora da pessoa”. Ele supõe que o mundo objetivo está lá fora, acessivel a todos enquanto o subjetivo é a caixa preta, impossível de ser estudada pela ciência.

Se admitíssemos esse dualismo, uma ciência objetiva que lidasse somente com o comportamento exterior pareceria incompleta; por isso os behavioristas costumam ser acusados de ignorar o mundo interior dos pensamentos e dos sentimentos. O erro está em dizer que os Behavioristas Radicais ignoram estes processos internos. Nesse ponto sim existe consenso. Os Behavioristas Radicais estudam os processos internos como pensamento, sentimento, etc., apenas não atribuem a eles a causação dos comportamentos.

Para o Behaviorista Radical os sentimentos e os pensamentos são comportamentos como quaisquer outros. É possível estudá-los e descobrir sua função na contingência, assim como qualquer outro comportamento.

A melhor maneira de combater o preconceito com relação ao Behaviorismo Radical, inicialmente é discutir a respeito destas críticas. Não um debate, mas um esclarecimento sobre como é que o Behaviorismo encara diversos assuntos onde os críticos apontam certas deficiências. É necessário tomar cuidado com reducionismo. Ele também é outra variável que pode levar ao preconceito.

BIBILHOGRAFIA CONSULTADA E LEITURA INDICADA:

BAUM, W. M. Compreender o behaviorismo: ciência, comportamento e cultura. Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.

Esequias Caetano de Almeida Neto.

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A história do conhecimento – um breve apanhado.

Certas questões sobre a mente tem sido discutidas há mais de 2.500 anos e ainda permanecem sem respostas. Como pode, por exemplo, a mente mover o corpo? A questão foi colocada ainda em 1965 por Karl Popper nos seguintes termos: ‘O que queremos compreender é como tais mecanismos não físicos (…) podem atuar de modo a acarretar mudanças físicas no mundo físico’. E, é claro, também queremos saber de onde (e como) se originaram estes mecanismos. Para esta questão os gregos já tinham uma resposta simples: dos deuses. Como Dodds já assinalou, os gregos acreditavam que se um homem se comportava de modo insensato era porque um Deus hostil havia introduzido uma paixão desenfreada em seu peito. Um deus amistoso poderia dar a um guerreiro uma quantidade extra de inteligência, com o que poderia lutar brilhantemente. Aristóteles pensava que existia algo de divino no pensamento, e Zeno julgava que o intelecto era (o próprio) Deus. ” (Beyond Freedom and Dignity, Skinner, p. 14, parênteses adicionados)

Todas as ciências originaram-se da Filosofia e posteriormente se separaram dela. Antes que a astronomia existisse, por exemplo, especulava-se a respeito da organização do universo a partir do pressuposto de que Deus havia criado tudo daquele jeito.

As pessoas desenvolviam um raciocínio bem peculiar a partir de suas experiências pessoais. Com relação ao universo, era mais ou menos assim:

1 – Todos os eventos importantes acontecem na terra, então ela deve ser o centro do universo, tudo gira em torno dela (geocentrismo);

2 – O círculo é a forma geométrica mais perfeita, sendo assim, o sol deve girar em torno da terra obedecendo uma órbita circular. A lua, certamente, gira em outra órbita circular mais próxima. As estrelas se organizam em torno do conjunto, formando assim uma esfera perfeita.

A partir do momento em que as pessoas começaram a tentar entender os objetos e fenômenos naturais por meio da observação sistematizada, as coisas começaram a mudar. Nascia então, a ciência!

Galileu, por exemplo, apontou o telescópio para a lua observando que esta era cheia de crateras, ou seja, estava longe de ser a esfera perfeita que os filósofos imaginavam – rompendo então com a filosofia. Ele rompeu também com a idéia de que a terra era o centro do universo, apoiando a idéia de Copérnico. Muitas idéias de Aristóteles sobre Física, por exemplo, foram colocadas em xeque com as observações de Galileu (vide links nos nomes deles).

(Galileu Galilei)


Algumas diferenças entre o raciocínio filosófico e o científico são:

• O raciocínio desenvolvido em Filosofia parte de suposições para conclusões. A medida que este vai se desenvolvendo, os argumentos vão tomando forma, criando-se então sentenças do tipo “se isto fosse assim, então aquilo seria assim”. O caminho traçado pela ciência é o caminho oposto. O raciocínio científico configura-se a partir de sentenças como “isto foi observado; o que esses fatos estão nos mostrando, e a que outras observações eles podem levar?”;

• A verdade filosófica é absoluta: se estas premissas forem enunciadas explicitamente, estando também correto o raciocínio, as conclusões seguem-se necessariamente. A verdade científica, pelo contrário, é sempre relativa e provisória: é suscetível de não ser confirmada por novas observações;

• As suposições filosóficas nos remetem a abstrações além do universo natural, como Deus, harmonia, forma ideal, assim por diante. As suposições científicas que são usadas na construção de teorias referem-se somente ao universo natural e sua possível forma de organização.

(Aristóteles)

Assim como especulavam sobre física, os gregos também especulavam sobre a química. Aristóteles, por exemplo, conjecturava que a matéria variava em suas propriedades por ser dotada de certas qualidades, essências ou princípios. O filósofo sugeriu que a matéria continha quatro destas qualidades, sendo elas o quente, o frio, o úmido e o seco (a lista foi aumentando com o passar do tempo). Quando a substância era líquida é porque ela possuia em maior quantidade a qualidade úmido; quando era algo sólido, é porque possuía em maior quantidade a qualidade seco; assim por diante. Dizia-se que as substâncias esquentavam porque possuíam internamente a essência calórica. Queimavam porque possuíam flogisto.

Eles acreditavam que estas substâncias eram reais e ficavam escondidas dentro dos materiais (embora ninguém nunca as tivesse encontrado). A partir do momento em que os estudiosos deixaram de lado estas especulações e começaram a desenvolver estudos através da observação sistemática da mudança na matéria, nasceu o que hoje se chama de Química, que dentre outros benefícios nos trouxe a tão útil farmacologia.

O rompimento da biologia com a filosofia e a teologia se deu do mesmo modo. Antigamente o raciocínio que imperava era que, se existia alguma diferença entre os seres vivos e as coisas não vivas, era porque Deus havia dado às coisas vivas alguma coisa que as não vivas não tinham ganhado. Alguns chamavam essa “coisa” de alma; outros, de vis viva. Como o corpo era movido por entidades sagradas, ele era intocável. Ninguém poderia realizar nenhum tipo de procedimento invasivo nele pois, se o fizesse, estaria desrespeitando a Deus. Só a partir do século XVII que os cientistas começaram a dissecar animais e estudar o funcionamento do corpo humano.

Willian Harvey observou como o coração bombeava o sangue através do corpo, descobrindo assim que o funcionamento do ser humano mais parecia com o de uma máquina do que com a ação de uma suposta força mágica. A partir daí, os estudiosos começaram a abandonar a idéia de que o organismo era movido por forças mágicas como a alma ou a vis viva, passando então a estudá-lo de forma sistemática, o que permitiu diversos avanços à medicina que com isto ganhou statuscientífico.

(Darwin)

O mesmo aconteceu com Darwin ao publicar sua teoria da evolução das especies através da seleção natural. Muitos se ofenderam porque sua teoria ia contra o relato bíblico de que Deus havia criado todas as plantas e animais do modo que eram e em poucos dias. O próprio Darwin absteve-se de publicar seu livro por muito tempo, só o fazendo no momento em que percebeu que outros estudiosos também estavam chegando à mesma conclusão. A partir do momento em que se descobriu a evolução das espécies, muita coisa mudou no mundo. O ser humano deixou de ser considerado tão especial, passou a ser visto como apenas mais um animal dentre tantos que apenas evoluiu à sua maneira.

Em todos os exemplos citados, houve muita resistência com as novas descobertas científicas. Galileu, por exemplo, foi condenado pela Igreja Católica, sendo obrigado a voltar atrás em Roma e dizer que o heliocentrismo era apenas uma hipótese. Algum tempo depois, ele voltou a defendê-lo.

E, como não poderia deixar de ser, com a psicologia não é diferente. Sua ruptura com a filosofia é relativamente recente e, até a década de 1940, a maioria das universidades não tinha um departamento de Psicologia. Os professores de Psicologia em geral ficavam em departamentos de Filosofia.

Na verdade, ainda hoje, a Psicologia é altamente influenciada pela Filosofia e até pela Teologia. A Psicologia evoluiu muito pouco na prática desde os tempos de Platão e Aristóteles. Ainda hoje os psicólogos prendem-se excessivamente a questões semelhantes às que as outras ciências citadas se prendiam antes de adquirirem condições de evoluir a ponto de trazer maiores benefícios para a sociedade. Não digo que não traziam antes, mas deixo a questão: como estaria o mundo hoje se as ciências citadas não tivessem desenvolvido métodos sistematizados para abordar seus objetos de estudo, continuando assim a tratar deles com base em simples inferências não demonstráveis?

Em uma próxima postagem, trarei a tona a discussão que Skinner faz no primeiro capítulo de seu livro Beyond Freedom and Dignity* a respeito da necessidade de uma ciência psicológica que trabalhe com os problemas práticos da realidade e busque soluções para estes, deixando de perder tempo com questões impossíveis de serem estudadas, conjecturando teorias e mais teorias sem fundo natural.

*Livro “Para além da Liberdade e Dignidade”, traduzido como “O Mito da Liberdade” para o português.

Esequias Caetano de Almeida Neto.

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O papel da extinção na depressão: os Simpsons

Em um episódio de Os Simpsons, Maggie demonstra apego exagerado com a Marge e a familia decide contratar uma terapeuta para tornar a menina mais independente. Com o sucesso do tratamento, um efeito colateral aparece: Marge deprime. A partir desse episódio, pensei em abordar (1) a topografia do comporatmento como critério para intervenção; (2) a avaliação de efeitos colaterias e; (3) o papel da extinção na depressão.

Na terapia analítico-comportamenta, nem sempre a topografia de um comportamento é o melhor critério para decidir uma intervenção. E foi nesse ponto que provavelmente a terapeuta do episodio falhou. A análise funcional do comportamento permite acessar “para que um comportamento serve a pessoa”. Com os resultados dessa análise, fica mais fácil entender em que contingênias uma pessoa está operando (reforçamento positivo, reforçamento negativo, punição, etc). Como ficou claro no final do episódio, Maggie tinha muito repertório de “crianças independentes” e o seu apego com Margie estava sendo mantido pelo carinho dos abraços da mãe (r+). Uma avaliação mais precisa teria ajudado a terapeuta a perceber esses aspectos.
Quando planejamos uma intervenção, faz parte do processo de análise de caso avaliar quais os possíveis efeitos colaterais. Um comportamento está relacionado a vários contextos da vida do cliente. Um “comportamento patológico” (como apego com a mãe na síndrome de ansiedade de separação) pode ser também um rico meio de acesso a reforçadores positivos. No caso da Maggie, o apego com a mãe era fonte de r+ tanto para a menina quanto para Marge. Mesmo após uma intervenção ter sido efetivada, é possivel avaliar os impactos da mudança e repensar os objetivos da terapia.
Agora vamos ao ponto: exatemente por estar em uma contingência de reforçamento positivo, que a suspensão dos abraços de Maggie colocaram os comportamentos de Marge em uma outra contingência: extinção. Enquanto abraçava, amamentava, acariciava e brincava com a filha, Marge era reforçada pelos sorrisos, abraços e saúde da Meggie. Após o tratamento, a menina faz tudo sozinha – se alimenta, brinca, resgata o pai (rs), etc. Quando não há mais SDs para se comportar (choro da crinaça, olhar de “carente”, braços abertos, etc), Margie começa a sentir aquele vazio característico da depressão. Chora, fica cabisbaixa e psicótica (faz uma “Maggie de saco de batatas” para abraçar). Todas as tentativas de aproximação de Marge são furstradas pela visão de um comportamento independente de Maggie.
Porém, como em fim de episódio tudo acaba bem, após uma aventura heróica da garotinha ela abre os braços para a sua mãe, que larga o saco de batatas para abraçar a filha. Ponto para a relação familiar, ponto negativo para terapeutas que não fazem análise funcional.
Extinção: no comporamento operante, suspensão do reforço do responder (…). (Catania, 1999.)

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Operações estabelecedoras e fantasia em Peter Pan

O filme de Peter Pan está cheio de fantasia. Ele é narrado por Wendy, uma mulher que, quando garota, viveu a maior das aventuras. Ela conheceu Peter Pan, o menino que não queria crescer, que vivia com os meninos perdidos e uma fadinha encantada e tinha por inimigos mortais o terrível Capitão Gancho e sua tripulação de piratas. Todos estes personagens viviam na Terra do Nunca, uma terra de sereias, índios e crocodilos gigantes. Wendy aprendeu a voar e a lutar com espadas ao lado dos meninos perdidos, mas ao final da história preferiu voltar para sua família e, junto com ela, levou todos os meninos perdidos que escolheram se tornar adultos – todos, com excessão de Peter, que mantém viva a lenda do menino que não quer crescer.

O comportamento de fantasiar geralmente parece se tratar da relação entre estímulos antecedentes e consequentes produzidos pela própria pessoa. Uma criança, quando brinca de fantasia, “imagina” o cenário em que se comportamenta, por exemplo, imagina a casinha, o dinheiro e as pessoas com quem está interagindo. As consequências que produz para o seu comportamento também parecem imaginados, como a imitação do comportamento verbal de outra pessoa ou qualquer alteração do ambiente que, de fato, não está acontecendo – é apenas fantasia. Mas as variáveis mais relevantes para o comportamento de fantasia são as operações estabelecedoras de privação ou estimulação aversiva fortes. Uma operação de privação, como quando uma criança tem que brincar sozinha, tornaria o interlocutor fantástico um estímulo reforçador forte; e estimulações aversivas tornariam mais prováveis qualquer comportamento que as removessem – nem que fosse necessário “viajar na imaginação”, como o fazem muitos psicóticos prestes a serem severamente punidos. Dessa forma, o comportamento de fantasiar tem função de diminuir o efeito das operações estabelecedoras em operação.
Wendy, então, poderia ser interpretada como uma criança fantasiando. No começo da história, podemos vê-la se comportando como uma criança muito feliz e que estes comportamentos produzem reforçadores poderosos para ela. Ela conta histórias para os irmãos, faz bagunça pelo quarto e se diverte com a sua cachorra-babá. Não tem muitos modos, debocha da tia e nem pensa em amor. Porém estabelece-se uma contingência em que os estímulos que reforçam o comportamento de Wendy começam a ser retirados dela: problemas no colégio e de outra natureza colocam a menina em risco de ter que ir morar com a tal tia e receber treinamentos para se tornar uma “boa noiva”. Ir morar com esta tia ainda se trata de uma ameaça de privação no futuro- lá ela não poderá brincar com outras crianças. A tia também puniu os maus modos de Wendy e ir morar com ela significa que cada pisada na bola será seguida por reprovação. E mais, o que a tia tem a oferecer para Wendy são estímulos que reforçam o comportamentos de adultos, que ainda não controlam o comportamento da menina – ela ainda não está madura para isso. A trama é lançada quando Wendy está para ficar sob privação e sob estimulação aversiva.
Então ela se põe a fantasiar. Na Terra do Nunca, Wendy se comporta de forma a produzir os reforçadores mais poderosos que ela conhece. Ela conta histórias para os meninos perdidos e para os piratasm - e todos adoram. Ela tem sua prórpia casinha de flores, conhece as sereias, voa pelos céus e se torna princesa e pirata como as protagonistas de seus contos. Enquanto isso, ela tem por perto o príncipe que já esteve em seus sonhos (Peter Pan está lá, ao seu lado e, enquanto Wendy vive sua fantasia, também cresce). Peter é um agente reforçador que esperou Wendy amadurecer para lhe entregar o seu beijo escondido. Agora, não mais sob coerção e privação, Wendy pode crescer e se comportar como uma adulta – e aprendendo por contingências de reforço positivo.

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Modelação – Children See Children Do

mod
“… Quer exista ou não algo como imitação nao aprendida ou inata, uma coisa é certa: A imitação pode ser ensinada. Usando-se os procedimentos de condicionamento – tornando o reforço contingente à repetição do ato do outro – um organismo pode ser levado a imitar” ( Keller e Schoenfeld, 1950/1973, pag 378).
Imitação é um processo de aprendizagem pelo qual os individuos aprendem comportamentos novos ou modificam antigos por meio da observação de um modelo. Isso ocorre porque existe a probabilidade das pessoas serem reforçadas pelas mesmas consequências que reforçam o comportamento do modelo ( Keller e schoenfeld 1950/1973 : Bandura, 1969/1979; Malott, 1971/1981; Striefel, 1975; Mikulas 1977; Skinner 1989/1991; Baum 1994/1999; Catania 1998/1999).

Tanto a Imitação quanto a modelagem permitem ao individuo adquirir novos comportamentos. Mas por lógica a imitação é um comportamento aprendido através da observação de um modelo enquanto que na modelagem o comportamento é aprendido através de aproximação sucessiva se reforçando diferencialmente cada resposta que pertence a mesma classe para que se chegue no comportamento final desejado.

A historia mostra que os procedimentos de modelação e modelagem nos fizeram continuar nesse planeta. Afinal, toda vez que vemos como nossos pais fazem uma determinada tarefa e são bem sucedidos, tendemos a tentar imitar esse mesmo comportamento para que sejamos reforçados como os modelos são. Filogenéticamente isso foi muito importante. Observando os mais velhos caçando conseguimos sobreviver por muitos seculos e as técnicas de sobrevivencia são passadas de geração em geração. A natureza utiliza muito o processo de imitação, só observarmos um animal selvagem. Logo após seu nascimento em pouco tempo já esta observando os pais nas caçadas e aprende por observação como deve se fazer e repete.

Mas se os processos de Imitação e modelagem são tão importantes para a sobrevivencia humana, então porque o video Children see, Children Do nos chama tanto a atenção ?
A imitação do modelo pode ser perigosa tambem, pois o mesmo nem sempre é adequada dentro de certos limites culturais e sociais. Mesmo lembrando da pluralidade da espécie humana, os modelos são escolhidos dentro da cultura vigente do local onde está inserida e mais do que isso, qual é o papel reforçador de se imitar um modelo ?

Sabemos que uma criança imita seus pais e se sentem poderosas com isso, porêm será que os pais entendem que são modelos aos seus filhos ? Será que os pais entendem que certos comportamentos são passados de forma quase que inevitavel ?
Claro que existe uma grande diferença em ser um modelo para uma criança que ainda está desenvolvendo seu repertório comportamental e ser um modelo para um homem adulto.
O video é um alerta que não se pode ignorar, precisamos rever urgentemente os nossos conceitos e começarmos a pensar no que estamos fazendo com nossas crianças.

A luz do Beraviorismo Radical, o que podemos fazer ?? Não apenas nos mantendo nos consultorios, mas partindo pra politicas publicas, sociais, trabalhos socio-educativos etc…
Quando estava pensando nisso ouvi muitas pessoas, algumas da área da Psicologia e outras não e elas diziam que não devemos pensar, devemos fazer, colocar a mão na massa. De pensadores o mundo está cheio.

Mas ai comecei a pensar em outra questao. Ir e fazer é uma resposta óbvia, mas pergunto, fazer o quê ? Com que estratégia ? Quais parametros utilizar ? O que ja se tem de estudos nessa área ?Ir e fazer como ? Ir a viadutos e dar bebida e comida para moradores de rua ? É uma coisa boa ?

Bom, ja temos estudos que afirmam que ao fazer isso apenas reforçamos a vontade dessas pessoas em continuar na rua, portanto não resolvemos o problema apenas reforçando uma comportamento que gostariamos de extinguir. Pode se demorar a voltar com a comida, mas sempre se volta. E sabemos que o Reforço Intermitente é especialmente muito dificil de ser extinto.

O quê nao tira a bondade do ato, mas tal qual uma criança que nunca é frustrada, no futuro teremos problemas, pois ela esta sendo reforçada em algo que nao vai lhe ajudar .A questao nao é o quê fazer, mas como fazer.Nesse sentido devemos pensar de forma mais ampla, entendendo os mecanismos sociais que regulam a nossa sociedade e como podemos entender os reforçadores e punidores que à mantem da forma que está e como podemos extinguir os repertorios nao adaptativos.

Eu imagino que nem podemos falar em extinção ja que por definição ao se utilizar dela a frequência de comportamentos que se quer extinguir aumenta enormemente podendo levar ao situações até de perigo pois estamos falando da area social. O que estamos fazendo especificamente para mudarmos o mundo ???

O quê estou tentando dizer é : O quê devemos fazer, como devemos fazer e quais politicas adotar para que a sociedade mude seus valores e fique sobre controle de outros estimulos que visam o potencial humano e a saude.

Entendi quando é dito que que é preciso atitude. Mas por expêriencia vejo que atitude por si só pode ser perigosa, pois podemos estar sob controle de outras variaveis que não seriam eficientes para a resolução do problema, mas com topografias diferentes que mantenham o problema, mesmo que na forma pareça que estamos tentando resolve-lo.
A pergunta final, que na verdade já foi repetido inumeras vezes dentro desse texto é : O que estamos fazendo com as nossas crianças ?

Por : Marcelo C. Souza

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